Estudo traz Juazeiro (BA) e Petrolina (PE) como destaques no agronegócio em 2020
No ano em que a pandemia causou uma crise econômica sem precedentes algumas cidades têm no agronegócio a possibilidade de recuperação
O estudo das Melhores Cidades para Fazer Negócios (MCN), feito pela Urban Systems, publicado anualmente pela revista Exame desde 2014, avalia por meio de dados e indicadores todas as cidades com mais de 100 mil habitantes do País, identificando aquelas que possuem maior oportunidade de investimentos por meio do setor privado. Em 2020, a chegada da pandemia causada pelo novo coronavírus (COVID-19) trouxe uma crise sem precedentes que afetou não apenas o País como o mundo todo. Junto desse cenário, veio a necessidade de aplicar um novo olhar para o estudo de forma que ele se mantivesse como um instrumento importante para o diagnóstico de empresários e investidores em relação ao destino de seus investimentos.
Baseado em metodologia própria de coleta, o MCN utiliza-se de dados e indicadores atuais que permitem resultados mais próximos da realidade vigente e a edição 2020 do estudo traz uma renovação em seu olhar, compreendendo novo conceito, estrutura e novos indicadores que acompanham as mudanças que o Brasil e o mundo passam. A nova edição também traz novos recortes, não mais em categorias mas em seguimentos econômicos, sendo eles: Educação, Comércio, Serviços, Indústria, Mercado Imobiliário/Construção Civil e Agropecuária.
Além dessa renovação em seu conceito, considerando o momento de pandemia atual, o estudo das Melhores Cidades para Fazer Negócios traz ainda um eixo denominado MACRO CENÁRIO, comum a todos os setores, trazendo indicadores da conjuntura econômica e pandêmica atual.
Agronegócio
Especialistas consideram o agronegócio como uma das fontes de recuperação econômica para o País. Os indicadores utilizados para mapear as Melhores Cidades para Investir no setor Agropecuário, além dos indicadores do Macro Cenário, referem-se a informações quanto ao crescimento do setor, em 3 diferentes aspectos (lavoura permanente, temporária e pecuária), sua produtividade, exportação em comparação a período anterior, (sem COVID-19), e o impacto da pandemia nos empregos do setor.
Diferente dos outros recortes de análise, no setor agropecuário a participação das cidades do Estado de São Paulo, embora seja relevante, tem menos cidades entre as 100 melhores, com 19 municípios. Na sequência do Estado de São Paulo estão os estados de Minas Gerais (15 cidades), Paraná (14 cidades) e Rio de Janeiro (11 cidades).
Apesar desse predomínio de cidades no Sudeste e Sul do país, o Nordeste conta com 3 cidades entre as 10 melhores posicionadas, Juazeiros (BA), na primeira posição; Petrolina (PE), na segunda posição e Garanhuns (PE), na nona posição.
A Região Centro-Oeste, fronteira agrícola do País conta com 10 das 100 melhores cidades (com mais de 100 mil habitantes) para investir no setor agropecuário.
Willian Rigon, Sócio Diretor na Urban Systems e pesquisador responsável pelos estudos relembra “o recorte agropecuário, assim como os demais, não aponta as cidades mais produtivas, ou aquelas que carregam o país economicamente, em termos de participação, mas sim, aponta para investidores e interessados, as cidades que possuem um cenário mais favorável para investir no setor, frente aos seus indicadores de desenvolvimento”.
Juazeiro (BA)
A cidade de Juazeiro (BA) está no topo da lista das melhores cidades para investir no setor agropecuário, a frente de Petrolina (PE), Brusque (SC) e das principais cidades do Centro-Oeste. A região é destaque na agricultura irrigada, sendo polo do setor agropecuário da Bahia, com destaque para a fruticultura.
O impacto da pandemia do coronavírus (COVID-19) na cidade, em comparação a outras cidades, registrou efeitos menores, ou menos devastadores. Em outubro, na data de coleta do MCN, a cidade registrava 2.687 infectados para cada 100 mil habitantes, com um índice de letalidade de 1,98% de mortos por infectado.
Contrariando os efeitos da pandemia na econômica da maioria das cidades brasileiras, no período de janeiro a agosto de 2020 a cidade de Juazeiro registrou saldo positivo de 2.583 empregos, um crescimento de 7,95% em relação a dezembro de 2019. Em relação aos indicadores do setor, Juazeiro apresenta índices positivos em todos indicadores, mesmo frente a notícias do primeiro semestre que traziam dados de redução das exportações, por exemplo.
As exportações do setor cresceram (em valor) 17,56% em relação ao mesmo período do ano anterior. A cidade também registrou crescimento na produção (em valor de produção), nos 3 segmentos analisados: 56,31% na lavoura permanente; 14,56% na lavoura temporária e 21,5% na pecuária.
O principal polo produtor de uvas para exportação do Brasil é o Vale do São Francisco, na divisa entre Bahia e Pernambuco. Juazeiro (BA) e Petrolina (PE) são os dois municípios que mais se destacam. No primeiro, houve um aumento de 21% no comércio exterior, chegando a 1,5 mil toneladas enviadas para fora do país. Enquanto isso, no segundo, houve uma queda de 18,6% — mas o município continuou liderando por uma ampla margem, com exportações de 6,5 mil toneladas de uvas.
“O setor agropecuário, em termos de dinâmica econômica foi afetado pela pandemia, assim como todos os demais setores, entretanto, alguns segmentos foram beneficiados pela safra, pela desvalorização do real e pelo aumento da demanda internacional”, ressalta Rigon.
PETROLINA (PE):
Assim como a cidade vizinha, Juazeiro (BA), a cidade de Petrolina (PE) se destaca entre as melhores para investir no setor agropecuário ficando com a segunda colocação. A pandemia em Petrolina, causou um menor impacto em relação as questões de saúde, com índices inferiores ao de Juazeiro. São 1.754 infectados para cada 100 mil habitantes, e uma taxa de letalidade de 1,56% (mortos sobre infectados), quando do fechamento da pesquisa.
Em relação ao impacto da pandemia na economia, a cidade de Petrolina também apresenta saldo positivo de empregos entre janeiro e agosto de 2020, com 2.137 empregos a mais do que o final do ano anterior. Apesar desses índices positivos, quando analisado, ainda no Macro Cenário, a empregabilidade e a diversidade econômica, notamos uma situação não tão positiva, existindo uma relação de 0,35 empregos formais por população em idade ativa (índice baixo), além de uma menor diversidade econômica, uma vez que os 3 subsetores que mais empregam, concentram 56% dos empregos formais da cidade.
Em relação aos dados do setor, enquanto Juazeiro é positivo em todos os segmentos analisados, o mesmo não ocorre com Petrolina, que teve queda na exportação do setor (-4,27%) e na produção de Lavoura temporária (-13,84%). Entretanto, a cidade destaca-se por índices positivos no saldo de empregos no setor: mais 2.140 empregos, além de crescimento na produção de lavoura permanente (20,22%) e na produção pecuária (11,7%).
Com 583 casos e 22 óbitos ao longo dos três meses de pandemia, Petrolina apresenta números abaixo da maioria dos grandes municípios do Nordeste. O município tem atualmente a segunda menor taxa de mortalidade por covid-19 entre as cidades nordestinas com mais de 200 mil habitantes.
Para ver estes e outros destaques, confira a edição 1223 da Revista Exame ou acesse nosso estudo completo aqui.
Você pode conferir também as publicações e edições anteriores do estudo das Melhores Cidades para Fazer Negócios (com metodologia anterior) em nosso site.
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Conteúdo elaborado pela redação Urban Systems
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