O Impacto Comportamental no uso regional de salas e edifícios de escritórios

Este texto foi publicado antes da pandemia COVID19 impactar o Brasil e aqui está apresentado revisado.

A qualidade de vida no trabalho está cada vez mais relacionada à produtividade e ao sucesso das empresas. A tendência é de que esse assunto seja cada vez mais discutido e elaborado no futuro, com a Pandemia causada pelo novo coronavírus (COVID-19) isso se ampliou ainda mais. Mas será que existem regras simples a serem aplicadas em todos os casos? Se considerarmos as diferentes regiões empresariais presentes nas cidades, podemos observar que elas possuem características, ocupações e comportamentos particulares.

Para cada região empresarial temos diferentes perfis de empresas, de trabalhadores e diversos tipos de ocupações no entorno. Dessa forma, o comportamento do indivíduo impacta diretamente na maneira como eles consomem e ocupam espaços de escritórios.

Perfis

Citando como exemplos as regiões da Vila Madalena e Pinheiros em São Paulo, Porto Maravilha, no Rio de Janeiro e Recife Antigo, no Recife, áreas frequentadas e utilizadas pelo público jovem, ligadas a inovação, empreendedorismo e à economia criativa, podemos apontar um perfil similar de usos de espaços corporativos, sendo regiões que demandam espaços modernos, compartilhados, flexíveis e “descolados”.

Já regiões mais formais, ocupadas por grandes empresas tradicionais, multinacionais e segmentos empresariais específicos (como legal / jurídico), demandam grandes espaços e maior investimento, por parte do empreendedor em questões como estrutura tecnológica, segurança e espaços comuns, pois para esse mercado, o próprio local de trabalho, as acomodações e o layout precisam refletir a imagem da empresa, geralmente imponentes, fortes e elegantes.

Dimensionando os espaços

É importante notar que atualmente, com os novos modelos de espaços corporativos, como grandes coworking ou mesmo pequenos espaços compartilhados, surge uma infinidade de opções e configurações de espaços de escritórios, que, se mal dimensionados ou mal estruturados, podem ter uma vida curta.

Isso porque, é fundamental para quem busca empreender em qualquer setor, entender a sua demanda target e o perfil de empresas: startups, pequenas, médias grandes, nacionais, internacionais, globais; qual o perfil de usuários: renda, faixa etária, gostos, estilos, gênero, sexo; e quais os segmentos que irá atender: tradicionais, inovação, empreendedores, criativos, para que possa desenvolver um projeto de acordo com as características e necessidades do seu mercado.

Além da estrutura e infraestrutura dos edifícios e locais de trabalho, os serviços oferecidos por espaços corporativos dependem do comportamento dos seus usuários e de seus clientes, daí a importância de mapear e entender com quem esse espaço se relacionará. Cerveja e pufes, apesar de atualmente parecerem ser bastante valorizados no mercado, não se encaixam com todos os padrões de negócios, e dessa forma, podem não ser os fatores decisivos na escolha de um local para o seu público empresarial.

O mesmo vale para a segurança. Apesar de ser item fundamental para os negócios, o excesso de burocracias e catracas não agrada o público mais jovem ou milleniall, que preferem que os investimentos em segurança devem ser baseados em tecnologia e inovação.

Mais do que entender o tamanho e o preço do mercado, é fundamental também conhecer o comportamento e gostos das pessoas que se relacionarão com seu investimento. E aí, você conhece?

O Impacto da Pandemia na questão comportamental

As questões sanitárias e de higiene serão agora parte do comportamento da maioria dos usuários de espaços corporativos, em seus diferentes perfis. Não estará atrelada ao perfil de idade ou segmento de atuação, mas sim será uma alteração comportamental homogênea impulsionadas pela necessidade e de responsabilidade mútua entre usuário e gestores de espaço.

O que se altera neste momento, é a espacialização dos diferentes perfis de usuários, antes mais definida e regionalizada, e agora, devido às intenções de redução de mobilidade, podendo estar mais especializada na cidade. E como ela se dará?

A adaptação ao home office induzida pela pandemia permitiu que parte das empresas continuassem funcionando em plena forma, mesmo sem a possibilidade de colocar todos os seus funcionários no mesmo ambiente físico. Obviamente que os espaços atuais nas residências não são os mais adequados ou estão plenamente preparados nas questões de conforto, atenção, infraestrutura e comunicação.

Com o aproximar do fim do isolamento, muitas empresas vão priorizar a volta de seus profissionais aos espaços empresariais mais estruturados, mas também devido as novas exigências de isolamento e jornadas de trabalho, muitas novas possibilidades surgirão, como: jornada intermitente, home office parcial, ampliação das áreas empresariais (para manter maior espaçamento entre pessoas), redução dos espaços comerciais (gerada por rodízio de funcionário ou redução de quadro de colaboradores) e a regionalização de escritórios (reduzindo a movimentação pela cidade, mas ainda assim gerando infraestrutura e conforto para os colaboradores da empresa).

E ai, gostaria de saber mais sobre essas novas possibilidades do setor empresarial? Deixe seu comentário, para que possamos discutir esse novo cenário para o setor.

Adaptado do texto publicado na edição 48 da Revista Buildings, devido ao impacto da pandemia.

Quer ver discutido em nosso blog algum assunto? Acesse nosso formulário e faça sua sugestão.

Willian Rigon, Diretor Comercial e Marketing na Urban Systems

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4 Comments

  • Lourenço de Oliveira
    16/06/2020

    William, bom dia!

    Você acha que, num futuro não muito longínquo, 100% das atividades administrativas, financeiras e comerciais de todas as empresas serão realizadas em home office, fazendo com que as pessoas procurem cidades de pequeno/médio porte para viverem com melhor qualidade de vida, tendo, como consequência, uma “desnecessidade” de grandes (ou pequenos) edifícios de escritórios, esvaziando as grandes metrópoles?

    abs

    Lourenço de Oliveira
    Lourencooliveira03@gmail.com

    • Claudio Borges
      17/06/2020

      Imagine a psicopatia virou moda, outras doenças surgirão, e aí, viveremos uma eterna crise de isolamento?

      • Willian Rigon
        17/06/2020

        olá Claudio. A psicopatia sempre existiu, e talvez continue existindo, apesar de todos os tratamentos existentes e acompanhamentos por profissionais especializados. Acredito que o isolamento é algo que enfrentamos nesse momento por não estarmos preparados e por medidas de segurança; há quase um século não tínhamos uma pandemia. As vacinas que já se encontram em teste devem criar um ambiente seguro para retomarmos a vida cotidiana, impactando em alguns hábitos de vida, mas que provavelmente serão incorporados a cultura de cada povo de acordo com suas características específicas. Abraços

    • Willian Rigon
      17/06/2020

      Olá Lourenço. Acredito que 100% das atividades administrativas e afins pelo modelo de home office não seria algo para um futuro próximo… São muitas as implicações e as necessidades para cada segmento… Veja que apesar do impacto positivo sobre a mobilidade, perde-se muito na troca de informações e ideias, mesmo utilizando-se das ferramentas de chat e encontros virtuais. Além disso, para se adaptar 100% ao modelo home office, é necessário ter uma excelente infraestrutura de comunicação (internet), um espaço adequado para trabalho (conforto físico, mesa, cadeira, iluminação, controle de ruídos, conforto térmico, etc) e conseguir equilibrar a vida doméstica com a vida profissional. Muitos setores, principalmente os financeiros, possuem políticas de segurança ou compliance rigorosos, o que pode dificultar essa migração 100%. Além disso, apesar de a pandemia ter agilizado a mdoernização e o uso de tecnologia, muitos setores ainda dependem de documentos físicos, assinaturas e etc, que ficam inviáveis num modelo home office. É certo que teremos um aumento do uso desse modelo de trabalho, mas ainda assim seguirá uma lógica de acordo com o perfil comportamental e o mix econômico de cada cidade ou região.
      Vamos voltar a essa discussão logo mais nesse blog. Abraços

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