Salas e edifícios de escritórios: o futuro pós-pandemia

A maneira de trabalhar é algo que foi definitivamente impactado pela pandemia causada pelo novo coronavírus (COVID-19). Em texto publicado na edição 48 da Revista Buildings, abordamos como o comportamento regional impactava no uso de salas e edifícios de escritórios, algo diretamente ligado à produtividade, ao sucesso das empresas e à qualidade de vida no trabalho. A pandemia causada pelo novo coronavírus (COVID-19) ampliou e trouxe mais especificidades a essa discussão. Como serão as salas e edifícios de escritórios no futuro pós-pandemia? Como será o ‘novo normal’ para o mundo corporativo?

Segundo artigo de Claudio Bernardes, presidente do Conselho Consultivo do Sindicato da Habitação de São Paulo (Secovi-SP)*, publicado no último dia 07 de junho pelo jornal Folha de São Paulo, enquanto áreas como hotelaria e varejo estão enfrentando dificuldades que podem perdurar após a crise, a demanda por espaço de armazenamento e logística deve crescer.

“No mercado de escritórios, talvez as mudanças sejam mais acentuadas, em função da experiência das pessoas e das empresas com o distanciamento social. A situação atual, em que muitos trabalham em casa, acelerará o lançamento e o uso das ferramentas para o trabalho remoto. Com isso, as áreas destinadas ao trabalho serão simplificadas e diminuídas, resultando em escritórios com menores espaços”, comentou.

O próprio Secovi-SP, junto de outras entidades representantes do mercado, lançou um novo protocolo de reabertura* e atendimento ao público para os escritórios do mercado imobiliário e estandes de vendas. Entre as medidas estão a operação reduzida do atendimento presencial, distanciamento mínimo de 2 metros entre as pessoas e redução no tempo diário de atendimento.

Novos layouts

Vínhamos de uma forte tendência com os novos modelos de espaços corporativos, como grandes coworking ou mesmo pequenos espaços compartilhados com diversas particularidades relacionadas ao dimensionamento dos espaços. O momento atual reforçou ainda mais essa necessidade de analisar profundamente o espaço pretendido e imaginar uma ocupação inteligente. Agora, a maior preocupação é reduzir o adensamento de pessoas nos escritórios e as empresas estão se mobilizando junto a profissionais de arquitetura, por exemplo, para a criação de layouts seguros e funcionais.

Como já abordamos aqui, as questões sanitárias de higiene já fazem parte da vida das pessoas e serão muito mais valorizadas e fiscalizadas nas empresas. No entanto, além dessas questões óbvias como distanciamento e reforço nas normas de higiene, como ficarão os layouts dos escritórios? Como eles deverão se adaptar, seguindo seus diferentes perfis, para a retomada segura das atividades?

A perspectiva de especialistas é de que os escritórios continuem focados em promover a cultura da empresa, como um local de interação social entre as pessoas e que ajude na produtividade. No ‘novo normal’ apenas aqueles cujo trabalho presencial diário seja imprescindível teriam mesas fixas no escritório, o ambiente deve ser mais arejado, com mais janelas que facilitem a circulação de ar.

Pesquisando entre diversas propostas de arquitetos para a reformulação de escritórios encontramos o foco delas nas soluções para conter a disseminação do vírus no ambiente de trabalho, como:  salas de reuniões com capacidade reduzida, mobiliários separados por acrílicos com espaço apenas para computador, na maioria laptops. Objetos pessoais, como bolsas por exemplo, ficam em lockers (armários na entrada do escritório).

Além disso, os escritórios devem buscar na tecnologia a solução para evitar ao máximo o toque em superfícies. Portas de acionamento automático, acionamento pelo pé para válvulas de descarga e automático para torneiras, saboneteiras, secadores de mãos e sensores de iluminação.

A recente pesquisa realizada pela Cushman & Wakefield para a revista Exame aponta que 78% dos empresários afirmam que o home office será definitivo em suas empresas, e que 85% deles acreditam que existe mais pontos positivos do que negativos neste “novo normal”. A pesquisa ainda mostras que diversas empresas pretendem manter este modelo e, com isso, o mercado imobiliário irá sofrer com as mudanças, seja devido à redução de custos ou por mudarem a política da empresa ao acrescentar o modelo home office definitivo.

Um exemplo de empresa brasileira que seguiu o modelo home office integral até dezembro de 2020 para todos os funcionários é a XP investimentos. Devido a pandemia o CEO Guilherme Benchimol declarou: “Aprendemos muito nos últimos meses, e vimos nossas equipes se unirem de suas casas para manter a empresa avançando. Essa situação mudou drasticamente a maneira como visualizamos o futuro do trabalho, e estamos certos de que tudo o que passamos influenciará nossas decisões nos próximos meses e anos. Trabalhar a partir de qualquer lugar é ressignificar como priorizamos o nosso tempo”.

O Nubank que também é do setor financeiro adotou o modelo home office para todos os seus colaboradores pelo menos até o final de 2020.  A empresa considerou o Home office em março, no início da fase de contágio no Brasil.Com a sua política de interna da empresa neste momento deixar seus colaboradores satisfeitos e confortáveis com o novo modo de trabalhar.

Entre as alternativas criadas pela empresa, destaca-se a criação de um canal direto com o CEO David Velez, que uma vez por semana informa o que vem sendo feito na empresa para que todos se sintam seguros; Coffe Break com as equipes de São Paulo, Cidade do México, Berlim e Buenos Ares, para apresentar as novidades e dúvidas.

A flexibilização de horários para os colaboradores que possuem filhos também é presente no ambiente de trabalho e ainda mais neste momento. Algo que é expressamente interessante é que a empresa também está disponibilizando um canal de atendimento anônimo de ajuda psicológica, o que na atual conjuntura é extremamente bem-vindo para todos que precisarem de um suporte neste momento atípico em que estamos vivendo.

Existem diversos modelos de empresas que adotaram o home office, trazendo grandes benefícios de produtividade, econômico e de bem-estar de seus colaboradores. O que é necessário aprofundar nos estudos, é se após o fim desse período de pandemia, as empresas vão cada vez mais adotar este modelo de home office ou se apenas irão se adaptar as novas normas sanitárias e voltarão ao modelo “antigo” de trabalho?

E aí, gostaria de saber mais sobre essas novas possibilidades do setor empresarial? Deixe seu comentário, para que possamos discutir esse novo cenário para o setor.

Conteúdo elaborado pela Redação Urban Systems.

*Fontes:

Folha de São Paulo

Secovi-SP – protocolo de reabertura

Valor Investe

NUBANK

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