Novos fenômenos de Migração Urbana

Pesquisas qualitativas são importantes ferramentas para visualizar tendências e insights a respeito do consumidor e da sua relação com a cidade. Nos estudos qualitativos recentes da Urban Systems, tem se notado alterações no comportamento dos consumidores, por meio de relatos de formadores de opinião e do público target em função da pandemia e por consequência do aumento do trabalho remoto.

Com o aumento do Home Office e as medidas de restrição de circulação, a casa se tornou o local de trabalho, estudo, lazer e encontros, e isso tem influenciado numa maior procura por casas em detrimento de apartamentos. Uma parcela da classe média e alta, residentes nas capitais paulista e carioca, têm procurado imóveis maiores, que possam comportar toda família com conforto, com a presença de espaços para trabalho (escritório) e de espaços para lazer, como quintal e churrasqueira.

Em busca desse conforto, muitas famílias que habitam nas capitais têm procurado cidades do interior para ter um espaço maior, qualidade de vida além da maior sensação de segurança. A implantação do trabalho remoto de maneira permanente por muitas empresas, possibilita que a pessoa trabalhe de qualquer lugar em que possua bom acesso à internet e muitas famílias têm buscado o interior como destino permanente de moradia.

Estudos recentes realizados pela Urban Systems em algumas cidades interioranas, como Itu (SP) e Petrópolis (RJ) mostram que o mercado imobiliário dessas cidades tem sido movimentado por pessoas de alta renda das suas respectivas capitais em busca de residência para primeira moradia. A qualidade de vida encontrada nessas cidades é um dos principais atrativos, além da proximidade com a capital, já que possibilita um fácil acesso caso exista necessidade de retorno para compromissos de trabalho, visita a amigos e familiares ou acesso a serviços específicos. Parte dos entrevistados manteve seu imóvel na capital enquanto outra colocou à venda.

Matéria da revista InfoMoney* aborda esse movimento e o impacto da chegada do público de São Paulo no mercado imobiliário de Itu, sendo relatado um aumento de 400% na busca por casas em condomínio, resultando em um aumento de 40% nos imóveis de alto padrão na cidade.

Entrevistados relatam perceber que esse movimento também ocorre em outras cidades do interior, já que é possível encontrar nessas cidades imóveis maiores, mais baratos e um custo de vida menor em relação ao custo de vida da capital.

Essa tendência pode ser percebida através do aumento do fluxo de compra e venda de imóveis no interior onde, de acordo com a revista Veja*, houve um aumento de 25% no terceiro trimestre de 2020 em comparação ao ano anterior nos negócios em cidades como Sorocaba, Itu, Jundiaí, Bragança Paulista e Atibaia, que se encontram em um raio de 100 quilômetros da cidade de São Paulo.

Outros desdobramentos

A migração de público da capital para cidades do interior deve movimentar também outros setores além do imobiliário. Existe expectativa de que esse “êxodo urbano” gere impacto também nas estruturas de comércio e serviços dessas cidades. Apesar dessas cidades já ofertarem estabelecimentos comerciais, é visualizado potencial para expansão de comércio de melhor padrão nessas regiões, com a presença de grandes redes, serviços em horário estendido e aumento na demanda por serviços de entregas, características já presentes nos locais de origem deste público.

Esse novo fluxo de moradores vindos de outras cidades também pode gerar outras oportunidades nos locais de chegada, sendo uma delas atender a necessidade de serviços de saúde. Geralmente esse público de alta renda possui convênios médicos de grandes operadoras com forte atuação nas capitais, enquanto no interior existe em algumas cidades a predominância de cooperativas médicas. Deve surgir uma demanda para a ampliação da rede particular de saúde, com a expansão da rede credenciada das grandes operadoras.

Durante o desenvolvimento dos projetos dos seus clientes, a Urban Systems se utiliza de diversas metodologias de pesquisa buscando entender profundamente como determinado produto irá se comportar diante do público-alvo, da economia, da cultura e das especificidades de cada região.

Importante ressaltar, que os fenômenos comportamentais percebidos nas capitais carioca e paulista não necessariamente se repetem em todas as regiões do país, e tão pouco para todas as rendas. O estudo de inteligência de mercado se faz necessário para compreender os fenômenos em cada região, para cada perfil de público e em cada cidade de destino, uma vez que estes fenômenos são diferentes e precisam ser avaliados para minimizar os riscos de mercado de cada projeto. Vale lembrar também que o período pelo qual ainda passamos representa uma mudança drástica e brusca no modo de vida das pessoas, e será muito importante um acompanhamento contínuo dessas alterações de comportamento de consumo.

Gostaria de entender os fenômenos que impactam no desenvolvimento do seu projeto? Fale com a Urban Systems!

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Marianne Alves integra a equipe de Inteligência de Mercado da Urban Systems

*Fontes:

Infomoney

Veja