Desafios e a continuidade da retomada econômica são apostas dos especialistas para 2022
O avanço da vacinação permitiu um boom do mercado imobiliário e deve impulsionar a volta de outros setores, no entanto a saúde, economia e eleição ainda preocupam
Depois de um 2020 imprevisível, o avanço da vacinação e a retomada da economia em 2021 nos encaminham para um 2022 desafiador, mas com grandes chances de continuidade da retomada econômica segundo especialistas. Mesmo com o aumento da taxa de desemprego no País nos últimos meses, o mercado imobiliário, que viveu um ótimo momento em 2021, deve se manter aquecido no ano que vem, no entanto, exigindo mais cautela e planejamento dos incorporadores e investidores.
“O ano de 2022 deverá ser bastante complicado, pois temos diversos desafios a serem vencidos. Na verdade, acreditamos que a economia continue nesse caminho de recuperação, mas a saúde continuará sendo nosso primeiro percalço, precisamos manter um alto patamar de vacinação, nível baixo de contaminação pela COVID-19 e redução das mortes”, comenta Thomaz Assumpção, CEO da Urban Systems.
Neste ano, a vacinação se tornou uma das principais medidas para retomada da economia e controle da pandemia, viabilizando a reabertura gradual e lenta de empresas de diversos setores, o que nos traz um otimismo em relação à economia. “Ainda estaremos sofrendo os reflexos da crise de 2020/2021 e quais as medidas serão adotadas pelo governo para que a economia continue dando sinais de melhora. A eleição também será desafiadora, pois gera instabilidade no País”, comentou.
Entre os principais desafios do governo estará a adoção de medidas para incentivo e retomada da produção nacional, auxílio financeiro para manutenção de empresas, seja por meio da concessão de benefícios ou de pagamento de dívidas contraídas durante a pandemia. Além de incentivos para as concessões e Parcerias Público Privadas (PPPs), um importante instrumento para captação de investimentos e resolver problemas estruturais do País.
“A mudança de comportamento da população foi muito forte em função da pandemia, o que levou a uma busca de nova forma de morar, trabalhar e viver, o que aqueceu o mercado imobiliário com novos lançamentos para atender as diversas demandas afloradas durante esse período. Esses novos produtos, devem ser bastante estruturados e programados para atender a qualidade de vida e esse novo modelo de morar, viver e trabalhar”, explicou Thomaz.
Produtos inovadores em momentos de crise
Ainda segundo o CEO da Urban Systems, a empresa vem cada vez mais se consolidando como uma consultoria para a busca de soluções, apresentando uma diversidade de produtos inédita. “Durante esse ano, principalmente, aumentamos muito nossos mercados de atuação, vindo ao encontro destas novas demandas. Para isso trouxemos metodologias inéditas e aplicamos ajustes àquelas já utilizávamos, o que resultou em desenvolvimento de diversos projetos inovadores para o País”, disse
Outra questão levantada por Assumpção é a necessidade de planejamento de curto, médio e longo prazo, em países instáveis como o Brasil e, principalmente diante de uma crise mundial. “Momentos de crise pedem estudos mais apurados e a pandemia comprovou a necessidade desses estudos, não apenas para mitigar riscos, mas também para a estruturação de novos produtos, atender e propor novos negócios que surgiram nos últimos anos com tantas mudanças de comportamento”.
Mercado imobiliário
O mercado imobiliário e o desenvolvimento de patrimônios já existentes seguindo novos modelos têm se mostrado boas apostas para o próximo ano. Nesse sentido, os sinais de recuperação já são percebidos desde o final do segundo trimestre do ano passado. De acordo com a Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), 2020 registrou um crescimento de 57,5% nos valores financiados em comparação com o ano anterior.
Já os dados da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) revelaram um aumento de 27,1% das vendas de imóveis no primeiro trimestre de 2021 quando comparados ao mesmo período de 2020. Entre os motivos que justificam esse aumento está o próprio caráter da pandemia que mudou, provavelmente em definitivo, a forma como enxergamos nossas necessidades de moradia, lazer e trabalho. A Selic em baixa também contribuiu para estimular a concessão de crédito, visto que os juros de financiamentos imobiliários ficaram mais atrativos. “Nesse ano, com a queda de juros houve uma corrida por compra e venda de imóveis, uma interiorização muito grande, onde as pessoas passaram a viver e trabalhar remotamente no interior ou mesmo litoral em busca de maior qualidade de vida. Observamos também a valorização de grandes patrimônios”, disse André Cruz, sócio diretor de planejamento urbano da Urban Systems.
De acordo com a avaliação de Cruz, o momento agora requer planejamento e estruturação. “É a hora de planejar para se estruturar pensando na próxima onda de desenvolvimento que deve chegar nos próximos anos. O ano de 2022 pode ser utilizado pelos investidores, proprietários e incorporadores para aferição de resultados, entender o que houve no passado, estudar, conhecer e diagnosticar seus ativos imobiliários. Além disso, é um bom momento para a realização de estudos de demanda, buscar novos usos para suas propriedades, para que, em uma próxima alta do mercado, o produto já esteja aprovado e já possa ser colocado à venda”, explicou.
Leandro Begara, sócio e diretor de Inteligência de Mercado da Urban Systems, destaca que para o mercado de imóveis econômicos e de médio padrão a elevada taxa de juros deve ser decisiva para um mercado menos pujante. “Já o mercado imobiliário de alto padrão ainda poderá se beneficiar da alta do dólar, que, segundo a estimativa do Banco Central, deve permanecer no patamar de R$ 5,50 até o final de 2022.” Comentou.
Begara lembra também que, os construtores e as incorporadoras, devem ficar atentos aos preços dos insumos e materiais de construção. “Outro fator que deve ser observado com bastante cuidado é o movimento do preço dos insumos e materiais de construção, que no final, também podem trazer um impacto significativo para o resultado dos empreendimentos pelo aumento dos custos ou redução da velocidade de vendas”.
Patrimônio
Para João Bosco Silveira, diretor de patrimônio da Urban Systems, como consequência da crise sem precedentes de 2020, em 2021, tanto proprietários, quanto os agentes públicos e privados começam a tomar iniciativas frente a pandemia. “Diferente do ano de 2020, quando ainda não havia perspectiva de vacinação, em 2021, os investidores e incorporadores aproveitaram o momento para tomar decisões e acelerar o andamento dos negócios e desenvolvimento do patrimônio. Foi uma questão inclusive de questionar a finitude da vida e a perenidade do seu patrimônio, buscando empreendimentos e demandas diferenciadas” comentou.
Além disso, Silveira lembra o desenvolvimento imobiliário do patrimônio, está ligado diretamente ao tempo, então, a questão de gerar prosperidade e perpetuar seu patrimônio, passou a ser mais valorizada. “Agora, os proprietários de ativos imobiliários buscam soluções para se adaptar não apenas ao momento, mas ao novo futuro que virá após a pandemia. A seleção dos ativos a investir e a desenvolver deverá passar por uma releitura e os investidores precisarão se planejar para a retomada quando a crise estiver controlada”.
Outro movimento importante já apontado como tendência pelo diretor de patrimônio da Urban Systems, antes da pandemia é a busca por soluções mais planejadas, inteligentes, inovadoras e sustentáveis. “O consumo consciente, a valorização do coletivo e o uso da tecnologia no desenvolvimento do seu patrimônio passam a ser essenciais e não diferenciais e a pandemia, com certeza acelerou esse processo, que já se tornou global”.
As práticas sustentáveis vieram para ficar e junto delas, novas maneiras de desenvolver seu patrimônio, além da inovação na oferta de produtos. “Isso acompanha também a chegada de desenvolvimento de patrimônios mais inusitados, com o envolvimento do turismo, edifícios históricos, entre outros. Hoje os clientes já perceberam que não é possível desenvolver um patrimônio baseado no feeling, é necessário planejamento de curto, médio e longo prazo, estudos e dimensionamento de demanda, principalmente para atender a todos esses movimentos gerados pela pandemia”, concluiu.
Investimentos privados
Outro destaque da retomada econômica são os investimentos privados e as parcerias com o setor público. O Programa de Parcerias de Investimentos (PPI) criado pelo Governo Federal para reforçar a coordenação das políticas de investimentos em infraestrutura por meio de parcerias com o setor privado, iniciou 119 projetos entre 2019 e 2021, sendo 54 leilões em 2021. De acordo com as informações divulgadas pelo Governo Federal em novembro desse ano*, os projetos movimentaram U$26,4 bilhões em concessões e preveem U$121,4 bilhões em investimentos. Os projetos serão executados por meio de concessões, parcerias público-privadas e privatizações.
Somente na área de transportes, são U$16,2 bilhões, dos quais 29 projetos se referem a portos (U$613 milhões), 34 projetos para aeroportos (U$1,9 bilhões), seis projetos para estradas (U$7,5 bilhões) e cinco para ferrovias (U$6,2 bilhões).
Entre outros contratos ativos/assinados estão áreas nem tão comuns no setor de PPIs como tecnologia 5G (U$8,4 bilhões); saneamento (U$6,7 bilhões), iluminação pública (U$248 milhões); parques públicos (U$85,4 milhões) e terminais de pesca (U$46 milhões). Para 2022, o Governo prevê o leilão/concessão de 141 ativos, incluindo 31 que se referem a projetos de Estados e Municípios, que poderão render U$70 bilhões em investimentos.
“O ano de 2021 foi um ano de recuperação, conseguimos recompor as perdas da crise de 2020, com a parada total do mercado. Em 2021 o mercado imobiliário veio forte com as vendas reduzindo bastante os estoques, novos projetos para incorporações residenciais, loteamentos, bairros planejados, empreendimentos multiuso. Apesar de incertezas no horizonte político e macroeconômico acredito que os novos projetos tendem a seguir o ritmo de lançamentos no primeiro semestre de 2022. Já as PPPs, principalmente relativas a parques urbanos e parques naturais também evoluíram e em 2022 teremos o lançamento de vários editais. ”, comentou Paulo Takito, sócio diretor da Urban Systems.
Para Takito, o segmento de PPPs, irá trazer um resultado excepcional para o Brasil, resolvendo diversos gargalos de infraestrutura, por meio de um grande montante em investimentos. “Estamos trabalhando em alguns projetos, colaborando na estruturação de alguns editais para leilões e concessões de parques, por exemplo, que ainda não foram licitados e são grandes apostas com potencial para incrementar o setor turístico no Brasil, promovendo aumento de emprego em toda cadeia, desde a hotelaria, receptivos turísticos, agências de viagens, restaurantes, bares e negócios de entretenimento. Conforme as ondas críticas da pandemia se suavizem este setor já demonstrou enorme demanda reprimida, todo mundo quer viajar mais e entrar em contato com a natureza”, comentou.
Os cenários e perspectivas para 2022 são tantos, que nossos esforços para os trazer até vocês gerou um longo conteúdo. Não perca nesta quinta-feira a continuação do nosso texto sobre as perspectivas para 2022, com considerações sobre infraestrutura, planejamento urbano e o impacto das eleições 2022.
Conteúdo elaborado pela redação Urban Systems
*Fontes:
Abecip – Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança