Análise de riscos em investimentos imobiliários
Antes de investir no lançamento de produtos imobiliários, os investidores, desenvolvedores e incorporadores devem fazer uma criteriosa análise de riscos, começando pelo risco de demanda. Existe demanda para esse produto?
As mudanças comportamentais e na lógica urbana trazidas pela pandemia, somados à instabilidade política e econômica impactaram profundamente o mercado imobiliário. Atualmente com a alta da inflação e a variação da Selic (taxa básica de juros)* de 2%, em março de 2021, para os atuais 13,25%, com previsão de encerrar 2022 em 13,75%, o poder de compra das pessoas foi reduzido, o que dificulta quantificar e qualificar demandas que possam tomar financiamentos imobiliários, por exemplo.
Esse cenário exige planejamento e inteligência de mercado para o lançamento de produtos imobiliários de forma mais assertiva e menos arriscada. A pandemia trouxe uma nova lógica de viver, trabalhar, morar e, com isso, uma nova maneira de escolher seus produtos imobiliários. O consumidor mais exigente e consciente faz com que exista uma maior responsabilidade de investigação, das expectativas dessa demanda embaixo de um conceito de valor e não apenas de preço.
Os desenvolvedores e incorporadores sempre estiveram muito atrelados à capacidade de pagamento do consumidor, porém, o novo comportamento da demanda traz uma variável importante, que é a consciência para comprar um imóvel. Por ter ficado dois anos com restrições de circulação, o comprador de imóvel passa a ter um nível de exigência maior, não referente ao preço, mas ao valor, que está diretamente ligado a qualidade urbana, a qualidade específica do produto e como isso se encaixa na sua vida, não mais o contrário.
As pessoas já experimentaram o que não querem e hoje buscam produtos que se adequem a elas, ao novo modelo de trabalho e de vida. O efeito de manada comum no mercado imobiliário não funciona mais, e os produtos de nicho crescem a cada dia.
Mitigando riscos
Conforme citado anteriormente, o comprador de imóvel não considera mais o preço ou a localização, apenas, como prioridades ao comprar um imóvel. A relação preço e valor ficou mais clara e dentro do conceito de valor existem uma série de informações e necessidades que deverão ser atendidas pelos desenvolvedores e incorporadores. Esse cuidado no novo ciclo de desenvolvimento imobiliário exige uma atenção maior ao risco de demanda.
É importante ressaltar que os riscos relativos à instabilidade econômica característica do Brasil, além de mudanças econômicas, também existem e devem ser considerados ao desenvolver um patrimônio, uma vez que esse processo é bastante longo. No entanto, existe pouco o que se possa fazer em relação a esses riscos, já que dependem de fatores externos dos quais não é possível controlar.
Por isso é fundamental entender profundamente a demanda para o seu produto, além da nova lógica de viver, morar e trabalhar, herdadas pela pandemia. Esses fatores de risco podem ser controlados pelos incorporadores e desenvolvedores com a ajuda de um estudo de mercado e demanda que atenda as exigências, necessidades e particularidades do consumidor e do local onde o produto imobiliário estará inserido.
Conteúdo elaborado por Thomaz Assumpção, CEO da Urban Systems
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