Lógica Urbana e cidade mental

As intervenções urbanas devem respeitar e aplicar corretamente esses dois conceitos na busca por um desenvolvimento urbano maduro e equilibrado

O conceito de cidade mental foi desenvolvido pelo arquiteto e urbanista Kevin Lynch, um dos grandes autores do Urbanismo, responsável por uma das obras mais famosas e mais influentes: A Imagem da Cidade*, de 1960. O arquiteto destaca a maneira como percebemos a cidade e as suas partes constituintes, baseado em um extenso estudo em três cidades norte-americanas (Boston, Nova Jersey e Los Angeles), onde identificou, como principal conclusão, que os elementos que as pessoas utilizam para estruturar sua imagem da cidade podem ser agrupados em cinco grandes tipos: caminhos, limites, bairros, pontos nodais e marcos.

Concluiu também que essa percepção é feita aos poucos, já que é impossível apreender toda a cidade de uma só vez. Cada cidadão tem determinadas associações com partes da cidade, e a imagem que ele faz delas está impregnada de memórias e significados. Esse registro mental é marcado pela paisagem urbana, onde alguns edifícios, praças, áreas de lazer se tornam referência e determinam sempre a busca do caminho mais curto entre a origem e o destino.

A cidade mental delimita o espaço geográfico onde a percepção da cidade, seus atributos, produtos imobiliários, seus serviços estão atrelados a esse registro que as pessoas têm. Então, como a cidade mental determina também o espaço geográfico registrado pela nossa mente no tecido urbano, toda intervenção imobiliária ou de infraestrutura do poder público ou particular visa atender reforçar ou expandir esse espaço geográfico, dentro de uma lógica urbana já existente.

Expansão do território e lógica urbana

Por exemplo se tivermos a implantação de uma nova estação de metrô, essa intervenção irá inserir na cidade mental das pessoas uma expansão de território e um novo registro para um próximo deslocamento, que segue uma lógica urbana que a cidade apresenta, seja ela orgânica ou induzida por um vetor de desenvolvimento. Isto claro, se o uso do Metrô ou o impacto desse ativo esteja ligado a Cidade Mental daquele indivíduo. Tanto o poder público quanto o mercado imobiliário, têm a prerrogativa de reforçar a lógica urbana vigente orgânica, além de induzir ou expandir para territórios ainda não explorados ou não registrados pela cidade mental dos habitantes dessa cidade.

A Lógica Urbana explica a relação entre o comportamento das pessoas no espaço urbano, suas influências e as correlações com o mercado e com as instituições, dentro de um determinado espaço geográfico denominado Cidade Mental, onde a cidade se revela como um agente ativo nas relações de consumo. A combinação de uma lógica urbana coerente com todo o processo de expansão urbana está atrelada a um desenvolvimento equilibrado com projetos que comportem residências, trabalho, saúde educação e lazer, fazendo com que possamos introduzir mais facilmente a absorção desse novo registro na cidade mental das pessoas que irão fazer uso daquele território. As intervenções que investigam e respeitam esses dois princípios facilitam um desenvolvimento urbano maduro e equilibrado.

Os administradores públicos e o mercado imobiliário devem estar atentos ao fato de que quanto mais eles respeitarem esses dois princípios, mais trarão intervenções favoráveis a qualidade de vida da população e ao seu registro mental. Quando se trata de valores pré-estabelecidos, no registro subjetivo das nossas mentes, às vezes, se sentir bem em determinado lugar faz com que você inclua esse registro na sua cidade mental, podendo esta pertencer a um grupo, a indivíduo, a grupos de diferentes faixas econômicas que reconhecem os elementos que compõe a cidade mental e nosso deslocamento organizado e confortável.

Urban Systems

A flexibilização da nossa cidade mental está atrelada a como fazemos uso da cidade, principalmente quando caminhamos a pé, quando os registros mentais são muito mais fortes e significativos do que quando estamos no carro, ônibus ou metrô, por exemplo. Considerando esses dois conceitos temos uma facilidade e uma vontade maior de incorporar esses elementos na sua lógica urbana e na sua cidade mental.

Conforme citamos anteriormente, baseado nos estudos de Kelvin Lynch, desde 1999 a Urban Systems incorporou o conceito de Cidade Mental à sua metodologia de pesquisa do comportamento do consumidor, somando as expectativas do público-alvo e consumidor aos estudos geográficos. Dessa forma, a Urban Systems segue inovando, incorporando conceitos e se atualizando para o desenvolvimento dos seus estudos de desenvolvimento imobiliário, reduzindo riscos e ampliando a assertividade dos negócios.

Conteúdo elaborado por Thomaz Assumpção, CEO Urban Systems.

*Fonte:

Arquiteturas Contemporâneas

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