Os desafios da infraestrutura brasileira para os próximos anos

País precisa pensar em um modelo multimodal, orientado para um novo ciclo de desenvolvimento, afirma Thomaz Assumpção, CEO da Urban Systems

A infraestrutura no Brasil enfrenta diversos desafios: estradas em péssimo estado de conservação, malha ferroviária limitada e subutilizada, aeroportos regionais ineficientes, além de portos que sofrem com a falta de modernização, fatores que dificultam o desenvolvimento do país e a qualidade de vida dos cidadãos. Pesquisa da KPMG* realizada após evento promovido no ano passado com executivos, em São Paulo, traz dados relevantes sobre o assunto. A primeira questão abordou quais segmentos devem ser priorizados na alocação de investimentos. Os resultados apontaram as ferrovias na liderança, com 49% das respostas. Em seguida apareceram rodovias e infraestrutura social, com 35% cada, energia, com 19%, e portos/aeroportos com 13%. 

Para Thomaz Assumpção, CEO da Urban Systems, a saída é incentivar que toda a cadeia funcione completamente e não de forma isolada. “O Brasil precisa pensar em um modelo multimodal, orientado para um novo ciclo de desenvolvimento e uma nova matriz de abastecimento para o resto do mundo. A aproximação com a China e a nossa relação com os EUA, dependendo das ações do Donald Trump, poderão facilitar ou dificultar a entrada dos nossos produtos. Além disso, é preciso pensar no mercado interno que não é bem abastecido justamente pelo entrave de uma infraestrutura defasada”, afirma Assumpção.

Ele lembra que é necessária uma revisão urgente do plano estratégico dos transportes, uma vez que a economia global mudou muito. “Não sabemos o que vem por aí com o governo Trump e precisamos ter um plano B. Também vale pontuar que o Brasil tem uma característica forte frente a outros países que é a capacidade de usar os seus recursos internos. E esse potencial não foi totalmente explorado porque a capilaridade de chegar aos diversos lugares de consumo brasileiro ainda não explorada por meio de um sistema inteligente de transporte”, analisa Assumpção.

Segundo o CEO, as ferrovias e os aeroportos não preenchem essa capilaridade pela falta de investimentos. “O único eixo que funciona a duras penas é o sistema rodoviário, que está saturado. Não há um pensamento estruturador pensado na questão multimodal. O grande desafio desse final de governo e dos próximos é estabelecer uma lógica desenvolvimentista para uma infraestrutura mais amigável com diversos modais que trabalhem a exportação, o transporte de minério, de alimentação e todas as cadeias produtivas que sustentam o Brasil”, ressalta Assumpção.

O resgate das ferrovias

De acordo com o CEO da Urban Systems, é possível desenvolver vetores de desenvolvimento que sejam supridos pela ferrovia ou pela aviação. “Há uma série de mercados que podem ser desenvolvidos a partir de uma maior capilaridade dos aeroportos, maximizando e otimizando os regionais. Outra saída é resgatar as ferrovias e adequar os trilhos a uma nova lógica de desenvolvimento e de trabalho. É uma forma de usar o sistema para outras finalidades que não seja transporte de minério”, observa Assumpção.

O CEO complementa que a cadeia de desenvolvimento eficiente também favorece o mercado imobiliário. “O sistema de armazenagem do Brasil, por exemplo, precisa ser ampliado e modernizado, o que gera a possibilidade de construção de armazéns. Há ainda uma demanda de portos e retroportos, que incentivam o imobiliário. Ou seja, são soluções integradas que beneficiam toda a economia”, destaca Assumpção.

Atenta a essas necessidades, a Urban Systems é uma provedora de estudos que ajudam os setores público e privado no pensamento mais sistêmico de desenvolvimento sustentável. “A nossa lógica é: a sustentabilidade das cidades está atrelada a sua capacidade de gerar emprego e renda e de ter um ciclo virtuoso de formação de profissionais que estejam alinhados com as cadeias produtivas de suas regiões. O incentivo ao conhecimento atrelado à cadeia de produção significa a retenção de talentos nas cidades que tenham as suas vocações”, finaliza o CEO.

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Conteúdo elaborado pela redação Urban Systems.

*Pesquisa KPMG – Perspectivas para o setor de infraestrutura no Brasil

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