Cidades Humanas Resilientes e Inclusivas e a Gestão Pública para a Longevidade

Especialistas debatem como tornar as cidades inclusivas aos idosos considerando o cenário de crescente envelhecimento da população 

A sexta edição do Connected Smart Cities e Mobility (CSCM) realizado pela Necta e Urban Systems em ambiente totalmente digital – DX (Digital Xperience), aconteceu no início de setembro trazendo diversas discussões relevantes para a melhoria da qualidade de vida nas cidades brasileiras. Foram painéis de discussão, grupos de networking, rodadas de negócios e até stands em ambiente totalmente digital. A Urban Systems, sócia do Connected Smart Cities, este ano participou não apenas das discussões sobre cidades inteligentes e mobilidade, mas também em painéis nos temas de cidades participativas, urbanismo sustentável e cidades prósperas.

As projeções do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgadas em 2018, mostram que a população brasileira está em trajetória de envelhecimento e, até 2060, o percentual de pessoas com mais de 65 anos passará dos atuais 9,2% para 25,5%. No painel ‘Cidades Humanas Resilientes e Inclusivas – Gestão Pública para a Longevidade’ especialistas debateram o Índice de Desenvolvimento Urbano para Longevidade (IDL), que tem por objetivo a Mensuração do Bem-estar nas cidades tendo em vista a crescente expectativa de vida e como os gestores podem ter um plano de ação que atenda a longevidade nos municípios.

Além de Willian Rigon, Diretor Comercial e Marketing e Sócio Urban Systems e Connected Smart Cities, participaram do painel: Antônio Leitão, Gerente Institucional do Instituto de Longevidade Mongeral Aegon e Wesley Mendes da Silva, docente da Fundação Getúlio Vargas (FGV-SP). 

Índice de Desenvolvimento Humano para a Longevidade

Antônio Leitão, Gerente Institucional, Instituto de Longevidade Mongeral Aegon, explicou que a instituição tem por objetivo realizar ações e executar projetos que suportem a preparação do País (empresas, cidades, Estado e famílias) para o cenário de maior envelhecimento populacional. “O grupo trabalha com cinco pilares: Longevidade Financeira, Longevidade e Trabalho, Longevidade e Cidades, Longevidade e Comportamento além de Longevidade e Saúde, entre esses o que mais iremos falar hoje é sobre cidades”, comentou.

Em 2017, o Instituto lançou a primeira edição do Índice de Desenvolvimento Urbano para a Longevidade (IDL), pesquisando cerca de 450 cidades, com o propósito de mensurar o bem-estar nas cidades brasileiras para aqueles que passaram dos 60 anos. Neste ano, o Instituto lançou o novo IDL avaliando 876 cidades. “Após os 60 anos as pessoas passam a ter necessidades diferentes e os nossos índices visam contribuir para que os gestores públicos e privados entendam as necessidades das cidades e possam melhorar a qualidade de vida dos idosos”, comentou.

A partir do IDL, o Instituto lançou em 2018 o projeto Gestão Pública para a Longevidade (GPL) em parceria com o Fundo Nacional do Idoso. O projeto oferece capacitação técnica para gestores públicos, com foco na promoção de políticas voltadas à longevidade.

Ranking Connected Smart Cities

O Ranking Connected Smart Cities e a importância do uso de dados no planejamento estratégico como forma de pensar a qualidade de vida nas cidades foi o mote da apresentação do Diretor Comercial e Marketing e Sócio Urban Systems e Connected Smart Cities, Willian Rigon. “Utilizamos diversos índices e indicadores para a elaboração do ranking e é claro que nos espelhamos em experiências do exterior, porém a Urban Systems sempre tem o cuidado de olhar para as particularidades de cada região brasileira ‘tropicalizando’ a maneira de levantar esses dados. Estamos sempre utilizando a experiência de estudos internacionais e trazendo para o contexto nacional, uma vez que a realidade brasileira é bastante diferente”, comentou Rigon.

Rigon explicou que a contextualização de indicadores de smart cities à realidade brasileira tem diversas particularidades, como o saneamento básico, por exemplo, uma vez que em outros países esse indicador não é necessariamente considerado. “Saneamento básico não é mais uma preocupação de países Europeus, por exemplo, assim como a mortalidade infantil, que, infelizmente, traz o Brasil para as primeiras posições. É importante falar de longevidade, porém não podemos esquecer dos problemas de base como saneamento, acesso a água, tratamento de esgoto e mortalidade infantil. Portanto o nosso ranking está contextualizado à realidade brasileira, com foco no desenvolvimento mundial”, explicou.

Segundo Rigon, são analisados 11 eixos temáticos no Ranking CSC – mobilidade, urbanismo, meio ambiente, tecnologia e inovação, energia, economia, educação, saúde, segurança, empreendedorismo e governança – que resultam em um diagnóstico que tem o objetivo de auxiliar os gestores públicos e privados a melhorar a qualidade de vida da população. No entanto, no Brasil, existem alguns desafios, principalmente na coleta desses dados. “Nossos desafios principais são: encontrar as fontes de informações para os dados, a frequência de a atualização dos mesmos, além da questão da confiança metodológica, onde podemos citar a segurança como exemplo, em que cada estado tem a sua metodologia de cálculo de violência o que acaba impactando e dificultando a comparação entre cidades e consequentemente o diagnóstico de pesquisas na área”, comentou.

Rigon destacou também que o diagnóstico obtido com o ranking deve resultar em um plano de ação. “É claro que se a base de dados não for consistente esse plano de ação será falho. Por isso sempre consideramos a conectividade dos setores. Por exemplo, quando falamos em investimentos em saneamento, que implica na saúde da população, que implica em gastos públicos, o que afeta a governança e assim por diante. Essa conexão existe para tudo, inclusive para os planos estratégicos de desenvolvimento de cidades que precisam do envolvimento e conexão de diversos atores como os gestores públicos, privados e academia, isso após entender os problemas específicos de cada localidade”.

Confira AQUI a apresentação completa do Willian Rigon, responsável pelo Ranking Connected Smart Cities.

Smart citizen

O professor Wesley Mendes da Silva, da Fundação Getúlio Vargas (FGV-SP), encerrou a primeira parte do painel trazendo a reflexão de que, além de falar sobre as smart cities (cidades inteligentes) é importante falar sobre o smart citizen (cidadão inteligente), pessoa capaz de acompanhar e monitorar a qualidade da gestão e informação pública.

“É importante entender a importância do acesso a informação e como isso pode melhorar a qualidade de vida das pessoas. O projeto que temos colaborado com o Instituto Mongeral Aegon começa na questão na frequência de decisões baseadas na ignorância, o que entendemos como falta de informação. Vivemos uma época de muita informação e é importante termos disciplina de filtrar essa informação, portanto a educação é o centro de tudo isso, para que as pessoas possam exercer sua cidadania, processando as informações e tomando decisões com qualidade”, explica.

Silva citou como exemplo uma questão comportamental que afeta diretamente na saúde das pessoas como a diabetes. Segundo ele, o Brasil é um dos líderes mundiais em diabetes devido a estilo de vida sedentário, consumo de alimentos inadequados, insuficiência de aparelhos públicos para exercícios físicos, déficit de tratamento de saúde, entre outros o que pode levar a amputação dos membros ou perda de visão. “A gestão, no nível das cidades, pública ou privada, muitas vezes é pouco inteligente. Por isso é imperativo ter informações suficientes e capacidade de utilizar essas informações para tomar decisões razoáveis. Portanto temos oportunidades para os gestores públicos e privados com respeito a promoção de smart cities, mas condicional ao indivíduo ser o centro e a finalidade desse processo. É necessário informar o cidadão para que ele possa consumir de forma a assegurar seu bem estar”, comentou.

Para concluir o professor comentou que a qualidade de governança de uma cidade implica em um ambiente de incerteza que induz a população a tomar decisões que não ajudam na sua qualidade de vida. Portanto a disponibilização de informação e a coleta de dados como o IDL auxiliam a população, gestores públicos e privados acerca de iniciativas inteligentes para gestão das cidades, estimulando as smart cities e smart citzens. “A medida que a preservação e divulgação de dados críveis, informações de qualidade, seja valorizada no Brasil, iniciativas que melhorem a qualidade de vida da população terão mais facilidade em acontecer”.

A Urban Systems oferece serviço de diagnóstico e planejamento de cidades, visando questões como cidades inteligentes, sustentáveis, humanas e resilientes. Saiba mais sobre os serviços para cidade acessando aqui.

O painel aconteceu ao vivo e contou com apresentações e debates entre os participantes, clique aqui para acessar o painel.

Conteúdo elaborado pela, Redação Urban Systems

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