CSCM DX: Polos de desenvolvimento econômico e regiões inteligentes

Nesse painel, especialistas falam sobre os polos de inovação como centros de desenvolvimento econômico e impulsionadores de importantes transformações nas cidades

O Connected Smart Cities e Mobility Digital Xperience (CSCM), realizado pela Necta e Urban Systems, chegou a sua sexta edição nos dias 08, 09 e 10 de setembro deste ano. O formato foi inovador com mais de 70 painéis, todos em ambiente digital, debatendo temas relevantes para o desenvolvimento das cidades. A Urban Systems, sócia do Connected Smart Cities, esteve presente em diversos painéis com temas de cidades participativas, urbanismo sustentável e cidades prósperas. No dia 09 de setembro, último dia do evento foi realizado o painel: ‘Polos de desenvolvimento econômico e regiões inteligentes’.

Durante o painel, especialistas debateram sobre polos de inovação como impulsionadores do desenvolvimento econômico sustentável da cidade, o papel do gestor público e o envolvimento do cidadão nesse processo. Participaram dessa discussão Evandro Banzato, Secretário de Desenvolvimento e Geração de Emprego da Prefeitura Municipal de Santo André, Roberto Freitas, ex-presidente do Parque Tecnológico de Sorocaba, Raquel Resende, Gestora Parque Tecnológico de Uberaba, Willian Rigon, Diretor Comercial e Marketing e Sócio Urban Systems e Connected Smart Cities e Marcos Roberto Dubeux, Fundador IKONE.

Parque Tecnológico de Santo André

Evandro Banzato, Secretário de Desenvolvimento e Geração de Emprego da Prefeitura Municipal de Santo André (SP), abriu o painel citando o exemplo do Parque Tecnológico de Santo André, definido por ele como uma nova geração de parques tecnológicos para o Brasil. “Em agosto deste ano, Santo André foi destaque no ranking elaborado pelo SindiTelebrasil, com o Teleco, como Cidade Amiga da Internet, já no ranking Connected Smart Cities que avalia mais indicadores, ficamos muito felizes em saber que a cidade de Santo André vem subindo de posição nos últimos anos o que demonstra a seriedade do nosso trabalho com objetivo de transformar a nossa cidade e integrar o cidadão nessa transformação”, comentou.

Banzato destacou que o Grande ABC (formado pelas cidades de Santo André, São Bernardo do Campo, Diadema, São Caetano do Sul, Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra, todas na Grande São Paulo) representa o 4º maior PIB do Brasil – ficando atrás apenas de São Paulo (SP), Rio de Janeiro (RJ) e Brasília (DF) – o 5º maior mercado consumidor do País, o 3º maior valor adicionado da indústria e possui 50% do seu território em área de mananciais. O Polo Tecnológico do Território possui áreas estratégicas como: setor automobilístico, química e petroquímica, saúde, tecnologia de informação, materiais avançados e indústria 4.0. Além disso, são 22 universidades e faculdades tecnológicas, 83 mil empresas que geram mais de 840 mil empregos.

“A região já possui várias iniciativas sólidas de coordenação produtiva por seguimento, hoje o Estado não subsidia mais parques tecnológicos e Santo André foi uma das últimas cidades contempladas, portanto um desafio é a limitação para incentivos fiscais que historicamente subsidiaram os Parques Tecnológicos, por isso, hoje em dia, temos que nos reinventar. O caminho é enxergarmos toda a nossa cidade como um grande Parque Tecnológico com o objetivo de fomentar a inovação e trazer novas empresas, startups e instituições educacionais”, explica. Banzato comentou que, segundo estudos, existe a necessidade de expandir e integrar o que já existe nesse sentido em toda a região.

De acordo com o Governo do Estado de São Paulo, em todo o estado, existem 12 Polos de Desenvolvimento, separados por área. Banzato comentou que dos polos mapeados, Santo André está em 7: Químico, Borracha e Plástico; Metal e Metalúrgico; Tecnologia da Informação; Têxtil, Vestuário e Acessórios; Automotivo; Alimentos e Bebidas, além de Saúde e Farma. “Em dezembro de 2019 lançamos o nosso Bureau de serviços tecnológicos com 117 serviços em 8 categorias e 12 parceiros credenciados para oferta. Mapeamos as áreas estratégicas com melhor incentivo para atração de empresas e instituições, também utilizaremos uma construção antiga para ser modernizada e abrigar o novo Centro de Inovação que terá 8 mil m² de área construída”.

Exemplo do Recife

Marcos Roberto Dubeux, Fundador da IKONE, continuou o painel falando sobre o trabalho da empresa Cone que envolve infraestrutura logística e industrial. “Desenvolvemos empreendimentos de infraestrutura integrados ao mercado imobiliário e ao urbanismo por meio de comunidades planejadas, e fazemos gestão desses ativos e investimentos nessas áreas, promovendo o desenvolvimento econômico e social nas regiões onde atuamos, dando suporte a aeroportos, portos, polos de desenvolvimento dando suporte e ajudando na atração de investimentos”, comentou.

Dubeaux citou o exemplo do Recife (PE), onde a empresa atua junto ao Porto de Suape. Ele lembrou a colocação da cidade no ranking Melhores Cidades para se fazer Negócio (também desenvolvido pela Urban Systems) e Connected Smart Cities e iniciou a apresentação citando os principais indicadores. No CSC, a cidade ficou em 15º lugar, entre as melhores do Norte e Nordeste, com destaque para o Porto Digital, malha cicloviária, saúde e empreendedorismo. No caso das Melhores Cidades para Fazer Negócio, os destaques na cidade ficam por conta do capital humano, desenvolvimento social, desenvolvimento econômico e infraestrutura. “O que mais me chamou a atenção foi o desenvolvimento social, que normalmente não é um indicador comum a cidades do Nordeste. Assim observamos que não há outras cidades do Nordeste entre as 100 melhores para se fazer negócio, o que é preocupante para a região”, disse.

Inspirados pelo sonho de Walt Disney que, perto do final de sua vida criou o Epcot – que significa Experimental Prototype Community of Tomorrow ou Protótipo Experimental Comunidade do Amanhã em tradução livre, Dubeaux conta que surgiu a IKONE. O Epcot foi projetado para estimular corporações americanas a terem novas ideias para a vida urbana e se tornarem uma comunidade planejada trazendo soluções urbanas para o resto do mundo. Após a morte de Walt Disney, o conceito evoluiu finalmente no parque temático, chamado Epcot Center. “Assim como Walt Disney falou que, mesmo com toda a criatividade existente, nem a Disney conseguiria construir uma comunidade sozinha. Pensando nisso criamos a IKONE com a premissa de que os problemas sociais são muito complexos para serem resolvidos sozinhos. Os grandes problemas com a saúde, educação, segurança, habitação e a crise climática precisam ser tratados de forma conjunta”.

Segundo Dubeaux, IKONE é uma liga social global, uma ONG (Organização Não Governamental) que busca endereçar por meio de uma plataforma virtual e física, problemas sociais complexos. “Integramos essa plataforma digital a um ‘living lab’, um espaço urbanístico que traz o Cone, Centro Industrial e Logístico, o GZERO (Gravidade Zero) que é um Centro de Inovação e Impacto Social e uma comunidade planejada construída do Zero, a Convida”, explicou.

O Cone já possui mais de 70 empresas instaladas e o Ministério da Educação (Governo Federal) está investindo em um campus universitário que será o maior da região Nordeste. Dubeaux também lembrou do trabalho junto a ONGs nacionais e internacionais para estimular o trabalho voluntário e o desenvolvimento sustentável. “Além disso, na plataforma virtual podemos unir pessoas de diversas comunidades, onde também estamos abertos a diversas parcerias para que todas as regiões brasileiras possam se ajudar”.

Parque Tecnológico de Uberaba

Raquel Resende, Gestora do Parque Tecnológico de Uberaba (MG), seguiu as apresentações do painel falando sobre como o Parque, fundado há 30 anos, contribui para o futuro do município e para o desenvolvimento tecnológico regional. “O nosso Parque Tecnológico é um dos três parques operantes em Minas Gerais e tem origem nas fazendas experimentais criadas por Getúlio Vargas nos anos 40 para o desenvolvimento de tecnologia nacional. De 2013 para cá essa área de 160 hectares entrou em operação efetiva. Agora estamos começando a estudar o entorno do Parque, que são mil hectares, inclusive com o apoio da Urban Systems, pois precisamos dar o destino adequado para essas áreas”, comentou.

Hoje, são mais de 40 startups mapeadas e interagindo com o Parque Tecnológico. Além disso, mais 20 empresas nos ambientes de inovação, e o potencial de atração de mais de 100 CNPJs em um curto espaço de tempo. A governança do Parque está dentro da Prefeitura de Uberaba e faz parte da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Turismo e Inovação. Segundo Raquel, o Parque caminha para uma independência jurídica por meio de uma Associação – formada por membros do poder público e sociedade civil -, criada em julho desse ano, que permite mais autonomia nas ações de interação com empresas, academia e governo para eficiência e qualidade nos serviços oferecidos.

Raquel destacou que o futuro do Parque é que o seu entorno se transforme em um bairro inteligente com moradia, diversão, lazer e aprendizagem. “Esse projeto está em andamento envolvendo a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento), EPAMIG (Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais) e Prefeitura de Uberaba. Até o final deste ano teremos o estudo concluído para iniciar as parcerias com a iniciativa privada e dar continuidade”, explicou.

Parque Tecnológico de Sorocaba

“Não tenho dúvidas de que progresso do nosso País passa pela gestão de um empreendedorismo inovador que traga tecnologia e inovação para os municípios. O trabalho que a Urban Systems tem feito com o ranking avaliando as cidades mais inovadoras e inteligentes, estimula os gestores públicos a fazerem mais e melhor”, disse Roberto Freitas, Ex-presidente do Parque Tecnológico de Sorocaba, no início da sua apresentação.

O Parque fica em uma área de 1,8 milhões de m², próximo a uma grande área verde, estrategicamente organizada em espaços para criação de empresas inovadoras (incubadora), desenvolvimento de atividades de PDI (Pesquisa, Desenvolvimento & Inovação), projetos com as instituições de ensino superior e área estratégica para futuros projetos.

“É um ambiente que tem como objetivo disseminar a cultura da inovação e empreendedorismo para o desenvolvimento sustentável no Município de Sorocaba e região. Acredito que os municípios precisam cada vez mais do investimento em inovação como vetor de desenvolvimento, por meio da articulação entre o poder público, IES (Instituições de Ensino Superior) e o setor empresarial/industrial, acelerando a transformação da cidade e a melhoria na qualidade de vida”, disse.

De acordo com Freitas, o Brasil enfrenta muitos desafios para o investimento e desenvolvimento em inovação. “Um dos maiores desafios é a formação de pessoas com foco em empreendedorismo inovador, além de trazer um novo modelo de empreendedorismo. Temos uma demanda muito grande por esses novos profissionais na área de tecnologia, porém falta o incentivo e a formação. Por isso Sorocaba trabalha isso junto às universidades aumentando a interação com as empresas”, explicou.

Smart Cities e inovação

Willian Rigon, Diretor Comercial e Marketing e Sócio Urban Systems e Connected Smart Cities, encerrou as apresentações destacando que é possível notar que os Parques Tecnológicos e áreas de desenvolvimento, sejam administrados pela iniciativa pública ou privada, estão realmente saindo do papel no Brasil. “Essas ações tornam possível trazer para o Brasil o nível de desenvolvimento que buscamos para tornar as cidades mais inteligentes e conectadas. Como sempre observamos durante a elaboração do ranking Connected Smart Cities, o investimento em inovação, tecnologia e empreendedorismo é primordial como vimos nos exemplos citados hoje”, comentou.

O painel aconteceu ao vivo e contou com apresentações e debates entre os participantes, clique aqui para acessar o painel.

Conteúdo elaborado pela, Redação Urban Systems

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