Visão de longo prazo, envolvimento público e privado em busca do desenvolvimento econômico

Um grande dificultador para o desenvolvimento econômico sustentável das cidades brasileiras é a carência de projetos e planos estratégicos que tenham uma visão de longo prazo. O ciclo político brasileiro – que troca seus representantes a cada quatro anos – faz com que projetos importantíssimos, porém que demoram mais tempo para trazerem resultados concretos, sejam deixados de lado. E essa não é uma questão apenas da competência do agente público, mas da lógica política do Brasil que prioriza uma boa imagem do gestor público em busca de votos para a próxima eleição em detrimento ao legado a ser deixado para uma cidade.

Muito já se falou sobre o impacto do ciclo político na sociedade e a necessidade do Brasil ter uma visão de desenvolvimento de longo prazo, porém pouco se fez. Em seus mais de 20 anos conhecendo e estudando cidades brasileiras, suas peculiaridades, suas culturas e necessidades, a Urban Systems enxerga o momento atual como oportuno para a união do setor público e privado na busca de soluções inteligentes e verdadeiramente eficazes para o desenvolvimento econômico e social.

Juros baixos e bônus populacional

Após um longo período de alta, a redução nas taxas de juros pode trazer reflexos positivos. Segundo o Banco Central do Brasil, a taxa Selic, que já chegou a 45% há dez anos, agora está em 6% ao ano*. E esse é um grande motivador para investidores que passarão a buscar novas opções de investimentos para garantir o seu retorno financeiro. Torna-se uma boa oportunidade para investir em projetos de médio e longo prazo.

Por outro lado, o Brasil vive os últimos anos do bônus populacional, período em que a população economicamente ativa – entre 18 e 50 anos – ainda é maioria. O próximo estágio é inevitável: o envelhecimento da população, que trará, com o aumento da população dependente em relação à população em idade ativa, novas demandas aos serviços públicos – principalmente nas áreas da saúde e previdência social.

Sob o ponto de vista da economia, esse período de bônus demográfico deve ser aproveitado agora. Ainda há um excedente de pessoas para produzir e pagar impostos e assim alavancar o crescimento econômico. Se não tivermos essa visão de desenvolvimento de longo prazo agora, poderemos nos tornar uma nação de idosos e pobres. Alguns países da Europa, nos Estados Unidos e no Japão, também vivenciaram esse fenômeno e hoje são considerados exemplos bem-sucedidos, pois utilizaram o período de bônus populacional para a construção de uma base social, investimentos em infraestrutura, crescimento econômico e enriquecimento consistente, que sustenta com qualidade de vida os idosos nos dias de hoje.

 Envolvimento do setor privado

É essencial planejar a educação, a saúde e os investimentos em infraestrutura, que proporcionarão desenvolvimento urbano com uma visão de longo prazo. Para isso é preciso um envolvimento maior do setor privado. Não adianta delegar toda a responsabilidade para o setor público que está deficitário, com falta de pessoal capacitado e dificuldade em administrar recursos.

As PPPs – Parcerias Público Privadas – principalmente em projetos de infraestrutura e transporte já são apontadas como essenciais para o crescimento econômico do Brasil nos próximos anos. No entanto, são projetos que normalmente ocorrem em escala federal ou estadual. A necessidade atual é  investir na escala municipal. É nas cidades que devemos concentrar nossos esforços. Não adianta instalar um aeroporto em uma cidade que não tem infraestrutura básica, como saneamento, ou escolas de qualidade formando pessoas qualificadas.

Oferecer soluções estratégicas às cidades é uma das grandes missões da Urban Systems. O caminho começa num diagnóstico, na análise da situação atual da cidade, de cada bairro, a população, o perfil da economia, da infraestrutura, para que seja possível definir as prioridades e traçar um plano com visão de longo prazo.

Para traçar esse plano é necessário existir sinergia entre o setor público e privado. Se os empresários locais não se envolverem nessa análise, na discussão de como essa cidade pode crescer economicamente, onde faz sentido investir, não é possível sair desse ciclo de ausência de plano. É preciso engajar o setor privado de uma cidade para que seja feito um diagnóstico, um plano estratégico que seja colocado na pauta da gestão pública atual e também das futuras. Dessa forma, é possível inverter quem decide o futuro de uma cidade e criar um ambiente mais racional não apenas para o desenvolvimento, mas também para escolher em quem votar, tendo como base compromissos e não apenas promessas.

 Discussão permanente

A Urban Systems está equipada em metodologia e ferramentas para realizar diagnóstico de cidades e propor planos viáveis para os municípios, unindo os líderes da sociedade, gestores públicos, o setor privado e a academia. O ideal é que essa discussão atinja toda a população, o plano é de todos e deve estar em uma pauta de discussão permanente.

Conheça mais sobre nosso Plano Estratégico de Cidades.

Conheça neste conteúdo do blog mais detalhes sobre as etapas de planejamento estratégico de cidades 

Paulo Takito, sócio diretor da Urban Systems

*Fonte: https://bit.ly/2FbGICg