Mobilidade no Connected Smart Cities & Mobility

Publicado desde 2015, o Ranking Connected Smart Cities avalia as cidades brasileiras com mais de 50 mil habitantes em 11 eixos temáticos e 70 indicadores, sendo um destes eixos a mobilidade, pautada em acessibilidade, conectividade e modais de transporte.

No eixo mobilidade, são 8 indicadores que avaliam: a proporção de automóveis por habitantes (motorização); a idade média da frota (eficiência e poluição); a multimodalidade, com a quilometragem de modais de transporte e massa como Metrô e Trem Urbano por habitante; ciclovia, indicador também associado a saúde e a ganhos para o meio ambiente; as conexões de transporte entre cidades (rodoviárias e aeroviárias) que cumprem um papel de mobilidade e conexão econômica e por fim o percentual de veículos de baixa emissão (elétricos ou híbridos). Em relação a este último indicador, também muito associado a tecnologia, temos baixa penetração de veículo elétrico no país, mas os números são crescentes, e sua participação aumenta nas cidades brasileiras ano a ano.

A cidade de São Paulo é a primeira colocada desde a primeira edição Ranking Connected Smart Cities, quando analisamos o recorte de mobilidade. Pessoalmente, me recordo da primeira edição do Ranking, quando publicamos esse resultado, o recorte de mobilidade em específico foi muito comentado. Claro que em nosso país, em 2015, as coisas já estavam muito polarizadas, e dessa forma, muitos não compreenderam o objetivo do estudo, sempre usando o trânsito lento como ponderação negativa.

Quando tocamos neste assunto na coluna do Connected Smart Cities no Estadão (link aqui), em abril de 2021, imaginei que seriamos novamente chamados “a nos defender”, o que desde 2015 não seria necessário se as pessoas procurassem se aprofundar na discussão e no estudo publicado, que traz conceituação, dados e fontes que permitem uma maio compreensão. Para nossa surpresa, não foi o caso.

Desde 2015, aliás, não nos foi muito forçoso nos defender de críticas quanto a este resultado, pois após o destaque de São Paulo no recorte de mobilidade no Ranking Connected Smart Cities a cidade de São Paulo recebeu, na sequência, os prêmios Sustainable Transportation Award (2015) e o Prêmio Reina Letizia de Accesibilidad Universal de Municípios (2016), em reconhecimento às iniciativas de promoção da acessibilidade e da inclusão (na época usávamos um indicador de acessibilidade no Ranking também).

Não apenas isto, mas o Plano Diretor de São Paulo foi reconhecido como melhores práticas inovadoras de agenda urbana pela ONU – Habitat. O plano tem o propósito de fazer a cidade “mais humana, moderna e equilibrada” e defende um projeto “democrático de cidade, inclusivo ambientalmente responsável, produtivo e, sobretudo, de melhora de qualidade de vida”.

E porque falamos de Plano Diretor, quando mencionamos o eixo de Mobilidade? Porque todos que discutem cidade sabem, ou deveriam saber, que o planejamento urbano é fundamental para a melhora dos problemas de transporte e mobilidade nas cidades, com soluções de uso misto, multi centralidade e demais mecanismos que incentivem o adensamento em regiões servidas de transporte público e limite um espraiamento especulativo das cidades.

Pelos indicadores do Ranking Connected Smart Cities São Paulo é destaque em quilômetros de ciclovias, e em transporte metropolitano. É a cidade brasileira com maior quilometragem de metrô e trens, e tem também um projeto cicloviário com expansão das vias com ciclovias, hoje já são 680 km vias com tratamento cicloviário permanente, sendo 648,4 km de Ciclovias/Ciclofaixas e 31,6 km de Ciclorrotas. É suficiente? Não, mas é um grande avanço em comparação com o retrato de 10 anos atrás. E hoje essa infraestrutura também está inserida em áreas empresariais e dá acesso a regiões periféricas.

A capital paulista destaca-se também com a maior conectividade interestadual, com mais de 900 destinos de ônibus interestaduais, além dos destinos aeroviários do aeroporto de Congonhas e da proximidade e facilidade de acesso aos aeroportos internacionais de Guarulhos e Campinas.

Quando avaliamos a penetração de carros híbridos, apesar de São Paulo poder ter o maior volume de veículos híbridos ou elétricos, ainda assim a relação é menor do que a encontrada em Vitória por exemplo, respectivamente 0,06% e 0,12% do total da frota de cada cidade (no levantamento da última edição do Ranking em 2020).

Aliás, outro destaque de Vitória, além da penetração de veículos de baixa emissão, está na relação de quilômetros de ciclovia por cem mil habitantes, métrica comparativa entre as cidades. Enquanto em São Paulo temos uma relação de 2,82 kms/ 100 mil habitantes, em Vitória esse número é de 12,94 kms para cada cem mil habitantes, o que demonstra uma maior oferta de infraestrutura relativa. Importante ressaltar, que não temos cidades inteligentes no que tange ao atendimento de todos os eixos, e que mesmo as que se destacam em alguns eixos, podem e devem melhorar ainda mais em sua condição para atingir níveis melhores.

Melhorar a qualidade dos sistemas de ônibus urbanos, em relação a rotas e ocupação, é um problema comum a maioria das cidades brasileiras. O replanejamento urbano e o incentivo ao desenvolvimento de empregos e serviços em áreas afastadas (indicador de planejamento urbano) permitem a redução dos movimentos pendulares diários nas cidades e consequentemente reduz os índices de lotação no transporte público e de trânsito entre os veículos particulares.

Outro eixo que se conecta com mobilidade é segurança. Temos ainda índices de morte no trânsito alto em muitas cidades brasileiras, entre nossas “campeãs”, São Paulo apresenta índice de 2,2 mortes em acidentes de trânsito para cada 100 mil habitantes, enquanto Brasília conta com 12,4 mortes e Vitória com 27,6 mortes para cada cem mil habitantes.

Assim, podemos alertar aos envolvidos no pensar e no desenvolver uma mobilidade inteligente nas cidades, que é importante entender a conexão da mobilidade com os eixos: urbanismo, meio ambiente, saúde, segurança, tecnologia e inovação e governança! Cidades inteligentes: trabalho em grupo.

Willian Rigon, Diretor Comercial e Marketing da Urban Systems.

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