Planejamento e tecnologia destacam Osasco
A cidade, que faz parte da Região Metropolitana de São Paulo, tem apenas 60 anos e conseguiu se reinventar economicamente e desenvolver novos usos para áreas de imóveis
Osasco, município integrante da sub-região oeste da Região Metropolitana de São Paulo, em seus apenas 60 anos de idade transitou de uma economia ancorada no setor industrial para uma economia fundamentada sobretudo nos setores de comércio e serviços. Assim, áreas estratégicas anteriormente ocupadas por indústrias passaram a ceder seus espaços para novos usos – fluxo que se deu não só em Osasco, mas em toda a escala metropolitana.
Conhecida regionalmente por ser a cidade sede do Banco Bradesco, inaugurado no final da década de 1950, o município se destaca, também, por ser a 8ª cidade mais rica do país – a única que não é uma capital entre as cidades elencadas – e a 2ª do Estado de São Paulo em razão do seu PIB de mais de R$ 81,9 bilhões (IBGE, 2019), além da sua localização competitiva nas adjacências de diversos nós viários de relevância regional. De acordo com os dados do Relatório Anual de Informação Social (RAIS), em 2020, no seu território estão instaladas mais de 9,7 mil empresas que são responsáveis por mais de 160,4 mil vínculos de empregos formais.
Ranking
Tais indicadores favoráveis corroboram com o bom posicionamento da cidade tanto no Ranking Connected Smart Cities – 76ª colocação no ranking geral, porém com destaques nos eixos de Mobilidade e Tecnologia e Inovação (TIC) onde ficou, respectivamente, na 25ª e 47ª posição – como também no Ranking Melhores Cidades para Fazer Negócios – em que se encontra na 25º colocação no ranking de Educação e 11º no setor de serviços, ambos estudos elaborados pela Urban Systems.
Contudo, mais do que compreender o bom posicionamento nos indicadores socioeconômicos, faz-se necessário elucidar quais motivos viabilizaram que o município despontasse com tamanho destaque no setor de Tecnologia e Inovação. O fato de sediar uma agência financeira de grande porte inegavelmente contribuiu por décadas com uma larga fatia do PIB municipal, mas, nos últimos anos, observou-se um grande fluxo migratório de empresas para a cidade em razão dos incentivos fiscais ofertados. Assim, podemos concluir o papel central do poder público no que tange à atração de investimentos nestes setores.
Incentivos fiscais
No portal Desenvolve Osasco* estão listados incentivos distintos atualmente em vigor com finalidade de fomentar o empreendedorismo local. Hoje, estão instaladas na cidade empresas de renome no âmbito de inovação e logística como Mercado Livre, iFood, Sem Parar, FEDEX, Rodoborges, FEMSA, Dafiti (marketplace), entre outras. Em virtude da presença dessas empresas, a região foi batizada como Oz Valley, em alusão ao Vale do Silício na Califórnia. É também em razão da presença dessas empresas que Osasco abrange 25% das empresas unicórnio do país e cerca de 20% das latino-americanas, conforme dados recentemente publicados pelo Jornal O Estado de São Paulo*.
Tendo em vista a composição do salário-mínimo dos anos de 2010, 2015 e 2020, observa-se que, respectivamente, 16%, 14% e 14% dos funcionários com empregos formais em Osasco recebiam mais do que 5 salários-mínimos – sendo interessante notar que, mesmo com o decréscimo no poder aquisitivo propiciado pela pandemia, este percentual se manteve inalterado entre 2015 e 2020. Ao se considerar estritamente o ramo de tecnologia da informação, de acordo com os dados da RAIS, em 2012 Osasco contava com 47 empresas e 765 funcionários; já em 2020 havia 52 empresas e 1.646 empregos formais no ramo. Assim, ainda que tenha havido apenas um incremento de 5 empresas no período em questão, foram abertos quase 900 novos vínculos empregatícios no setor.
Finalmente, se por um lado existe na cidade uma grande tendência de crescimento atrelada à presença dessas gigantes do ramo de tecnologia e inovação, por outro conclui-se como o planejamento foi imprescindível para que o município galgasse esse espaço no contexto nacional. Para isso, Osasco conta com leis de incentivo e benefícios tributários como redução do ISS – que até então era um grande entrave na atração de novas empresas –, além das medidas que visam mitigar os impactos da pandemia, como as prorrogações do Simples Nacional, parcelas da dívida ativa da União, pagamento do FGTS, vencimento do pagamento de tributos de ordem municipal e prazo da parcela do IPTU.
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Conteúdo elaborado por Maria Carolinie Cada Cardoso, Analista em Inteligência de Mercado e Planejamento Urbano da Urban Systems.
Fontes: