Pandemia retoma reflexão sobre a necessidade de um novo modelo da mobilidade urbana

Após meses de paralisação de diversos setores para conter a disseminação do novo coronavírus (COVID-19) no Brasil, as cidades iniciam a retomada de atividades e as pessoas começam a voltar às ruas. Durante esses meses de reclusão e convivência com o vírus, fomos fortemente impactados na nossa maneira de viver, morar, trabalhar e consumir. Durante a quarentena, com acesso mais restrito aos locais onde as pessoas costumavam ir, houve um grande rearranjo na mobilidade urbana provocado, principalmente, pelo ingresso da digitalização de serviços. O tempo que se gastava em deslocamento foi alterado, e quase eliminado para algumas atividades.

Segundo estudo divulgado em maio pela ABComm (Associação Brasileira de Comercio Eletrônico)* o Brasil registrou um aumento médio de 400% no número de lojas que abriram o comércio eletrônico por mês durante o período da quarentena. De acordo com o estudo, até o começo das ações para conter o coronavírus no País, no início da segunda quinzena de março, a média era de 10 mil aberturas por mês. O número saltou para 50 mil mensais logo após os decretos de isolamento social.

O levantamento indicou que mais de 100 mil lojas já aderiram às vendas pela internet e os setores que estão em alta são os da moda, alimentos e serviços. A ABComm e a Konduto registraram também, um aumento de 40% no número de vendas on-line e os seis setores que mais cresceram são o de Calçados (99,44%), Bebidas (78,90%), Eletrodomésticos (49,29%), Autopeças (44,64%), Supermercado (38,92%), Artigos Esportivos (25,75%), Móveis e Decoração (23,61%) e Moda (18,38%).Esse novo modelo de consumo deve persistir após a pandemia e a lógica é que as cidades possuam diversas centralidades que tragam serviços para o consumidor o mais próximo da sua residência possível.

Novo modelo de mobilidade

A pandemia traz a reflexão sobre um novo modelo de mobilidade urbana, mesclando o deslocamento com a coerência geográfica, ou seja, as pessoas tendem a se deslocar cada vez menos e dar preferência aos locais próximos a sua moradia. O legado que a pandemia está deixando é essa mesclagem de uma mobilidade física, com mobilidade digital e acessibilidade mais coerente focando na criação de novos centros dentro das cidades.

A dificuldade na mobilidade urbana é apontada como um dos maiores gargalos das grandes e médias cidades.  O tempo perdido no trânsito, seja no automóvel particular ou no transporte público, tende a diminuir em função da aceleração de um processo que caminhava lentamente no Brasil: o trabalho remoto.

O maior impacto deverá continuar na redução do congestionamento nas cidades em função dos veículos particulares. Segundo a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego)* a capital paulista chegou a ficar 15 dias consecutivos registrando congestionamento zero. Agora com o início da retomada das atividades o volume de veículos a circular na capital volta a subir, mas com a incorporação do home office, que deve acontecer em grande parte das empresas, os congestionamentos devem seguir menores do que antes da pandemia.

No entanto, existe uma série de classes trabalhadoras que não se enquadram no sistema de home office, o que exigirá do gestores das cidades uma atenção maior ao sistema de transporte público, de maneira a dimensionar melhor a ocupação dos ônibus e metrôs a fim de atender não apenas às recomendações dos órgãos de saúde, como também a demanda que se torna mais exigente e cuidadosa com a maneira de se locomover na cidade.

Cidades policêntricas

Além disso, a pandemia reforça a lógica de que a cidade deve se descentralizar diminuindo a mobilidade urbana. Dois conceitos começam a ter importância para as cidades brasileiras e se mostram as alternativas mais viáveis pós pandemia, que são a ideia de cidade compacta e policêntrica, e a de se adotar um planejamento de longo prazo, elaborado de forma compartilhada entre poder público, instituições, empresas e população.

É preciso que as cidades possuam vários centros conectados com produtos estruturantes, como a saúde, educação, varejo e lazer, impactando diretamente na qualidade de vida das pessoas com o surgimento de bairros autossuficientes que promovam a diminuição do deslocamento diário devido à proximidade dos serviços essenciais.

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Thomaz Assumpção é fundador e CEO da Urban Systems.

Fontes:

CET (Companhia de Engenharia e Tráfego)

ABComm – Associação Brasileira de Comércio Eletrônico

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