Planejamento será fundamental para retomada econômica após crise provocada pelo coronavírus

Desde o início do mês de março com o registro do primeiro caso de coronavírus (COVID-19) no Brasil, muita coisa mudou. As medidas de isolamento para conter a disseminação do vírus estão transformando o padrão de consumo do brasileiro e, junto da crise na saúde pública, a crise econômica já começa a dar sinais. No entanto, precisamos lembrar que tão certo quanto a chegada da crise é o fato de que a retomada também virá.

O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou durante uma videoconferência com empresários do varejo realizada no último dia 04 de abril, que a retomada da economia brasileira após o impacto provocado pelo coronavírus será por meio da aceleração de reformas estruturantes e da redução de encargos trabalhistas. “Nos próximos meses, nós vamos destravar os investimentos no Brasil. A retomada será com investimentos em saneamento, investimento em infraestrutura, em educação e saúde e, principalmente, geração de emprego derrubando encargos trabalhistas, que são armas de destruição em massa dos empregos”, afirmou.

Guedes também destacou, que o Brasil estava em pleno crescimento no início do ano com destaques para os setores imobiliário e de construção civil (Leia mais sobre os impactos da crise nesses setores aqui) Como solução emergencial, o governo federal tem anunciado medidas de injeção de recursos na economia e apoio aos mais vulneráveis.

Indústria

A Confederação Nacional da Indústria (CNI)* avalia que as medidas para enfrentar a crise de saúde pública e econômica, provocada pelo coronavírus, estão no caminho certo, porém destaca outras necessidades do setor. “A questão agora é calibrar a intensidade de cada uma delas e garantir que sejam efetivas. Mas, em termos de efetividade, ainda faltam ações na disponibilidade de garantias para que as empresas tenham acesso aos novos recursos disponíveis para financiamento”, afirma o presidente da CNI, Robson Braga de Andrade.

O adiamento do pagamento de tributos federais (PIS/Cofins, Contribuição Previdenciária e Simples Nacional) e do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e as medidas na área trabalhista vão representar a redução de custos ou maior liquidez das empresas em cerca de R$ 180 bilhões. Para a Confederação, essas duas medidas estão entre as mais importantes para manter as empresas de portas abertas no pós-crise.

Além disso, a CNI e as Federações de Indústrias – presentes em todos os estados brasileiros – destacam a mobilização de empresas e sindicatos do setor para prestar serviços aos governos locais e à população nesse momento. Há equipamentos de proteção individual (EPI) sendo produzidos, álcool em gel ou líquido 70% sendo envasados, leitos e estruturas hospitalares sendo construídas, entre outras medidas emergenciais.

Varejo e pequenos negócios

Segundo Marcelo Silva, presidente do Instituto para Desenvolvimento do Varejo (IDV)*, as principais preocupações no momento são relacionadas à burocracia para a obtenção de crédito. Ele cita a importância de os bancos liberarem recursos para as pessoas físicas e para as empresas. “Só assim as pessoas poderão continuar consumindo e as empresas poderão preservar os negócios e manter os empregos” comenta.

O Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae)*, também está monitorando as medidas anunciadas pelas autoridades e auxiliando os pequenos negócios a buscarem linhas de crédito que possibilitem passar por esse momento e focar na retomada.

No início do mês de Abril o Sebrae divulgou levantamento inédito – atualizado diariamente – produzido com o apoio das equipes das unidades regionais em todo o Brasil, com as principais linhas de crédito anunciadas pelos bancos públicos federais, como BNDES, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal, além de informações sobre os benefícios concedidos por bancos privados com atuação nacional, cooperativas financeiras, bancos regionais e agências de fomento.

Planejamento

A garantia da retomada econômica futura pede cautela, paciência e, principalmente, planejamento – o que vale para o micro e grande empresário. É fato que algumas medidas emergenciais precisarão ser tomadas para atravessar o período de crise, porém o foco deve ser no futuro e no planejamento de longo prazo.

Analisando os dados e variáveis objetivamente, podemos observar indicadores favoráveis a médio e longo prazo. Indicadores de crescimento da população divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)*, por exemplo, mostram que a população do País continuará a crescer até 2047, quando chegará a 233,2 milhões de pessoas. Esse dado nos demonstra que a demanda interna do País continuará aumentando. Ou seja, as pessoas se adaptarão aos novos hábitos, continuarão consumindo e alguns setores tendem a voltar a crescer após a crise.

Portanto, em vez de mudar os rumos dos projetos, as empresas devem focar nos acertos de detalhes como tempo de execução, por exemplo. Os empresários que conseguirem perceber e entender essas mudanças irão passar por esse período e se destacar no futuro.

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Paulo Takito, sócio diretor da Urban Systems

*Fontes:

Videoconferência – Ministro da Economia Paulo Guedes

Confederação Nacional da Indústria (CNI)

Instituto para o Desenvolvimento do Varejo (IDV)

Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae)

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)

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