Movimentação de cargas aumenta no País e traz novas demandas no setor de logística

O crescimento já era tendência e se tornou realidade logo após a chegada da pandemia de COVID-19, impulsionado pelo aumento do e-commerce

O aumento na movimentação de cargas já era uma tendência no mundo todo e, com a chegada da pandemia de COVID-19, em 2020, acabou se tornando realidade impulsionada, principalmente, pela aceleração digital e aumento nas compras online.

Segundo a Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm)*, o número de consumidores no comércio eletrônico deve aumentar de 79,8 milhões (2021) para 83,7 milhões (2022). Já o ticket médio deve crescer de R$ 450 para R$ 460, segundo a associação.

O cenário provocado pela pandemia trouxe para o e-commerce um faturamento de R$ 150,8 bilhões. Para 2022, espera-se que o setor arrecade R$ 169,5 bilhões. Ou seja, houve uma ruptura na maneira como as pessoas estavam acostumadas a comprar em função das restrições impostas pela pandemia e, atualmente, mesmo com a retomada do setor de comércio e serviços, esse crescimento nas compras online deve continuar indicando um novo hábito adquirido.

A movimentação de cargas geradas pelo e-commerce, bastante focada nos sistemas rodoviário e ferroviário no interior, demandará cada vez mais uma melhora na infraestrutura dos modelos aeroviário e portuário, fundamentais nesse processo.

Outra questão importante é a mudança na lógica urbana. Já a mudança no comportamento do consumidor, e o aumento da demanda impactam diretamente no mercado imobiliário logístico. Esse fenômeno exige repensar o plano de desenvolvimento, considerando que as cidades precisarão disponibilizar lugares estratégicos – não apenas em áreas periféricas – para atender à essa demanda como um todo, principalmente nas regiões metropolitanas, onde está o maior fluxo de consumo.

As grandes empresas estão optando por diversificar os locais de armazenamento, criando centros de distribuição – muitas vezes fechando ou retirando lojas físicas de pontos com alto custo como shoppings, por exemplo – para reduzir o custo de transporte para os locais de consumo.

Movimentação de cargas

Segundo dados da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq)* divulgados em agosto de 2022, a movimentação de cargas no setor portuário cresceu 9,4% no primeiro semestre em relação ao mesmo período do ano passado. De acordo com o Painel Estatístico Aquaviário, os portos organizados, terminais autorizados e arrendados movimentaram 591,9 milhões de toneladas no período.

De acordo com o painel, o porto que mais se destacou foi o de Vitória, que registrou crescimento de 30,6% no primeiro semestre e movimentou 3,7 milhões de toneladas de cargas. A expectativa para o segundo semestre é que os portos brasileiros movimentem 626 milhões de toneladas. Para este ano, a estimativa é de 1,218 bilhão de toneladas, o que representa aumento de 5,5% do setor em relação ao ano passado.

Dados do Instituto de Logística e Supply Chain (Ilos) também revelam que o transporte de cargas no Brasil deve registrar um novo recorde em 2022 e ser o maior da história, superando os números do ano passado, de acordo com matéria da Revista Oeste*.

Os dados levam em consideração o movimento de mercadorias com origem e destino no país, somando todos os modais, e mostram que em 2021 foram movimentadas 1,9 trilhão de TKUs — unidade que combina toneladas com quilômetros percorridos —, o que representa um aumento de quase 10% em relação ao ano anterior. Esse transporte gerou um custo de mais de R$ 1 trilhão, 16% superior ao verificado em 2020. O transporte rodoviário (60%), ferroviário (20%) e aquaviário (14%) foram os maiores responsáveis pelo movimento de mercadorias.

O texto ainda destaca que o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística também registrou em 2021 um crescimento do setor de transportes de 11,4%, ou seja, acima da expansão do Produto Interno Bruto (PIB) do país, que foi de 4,6%. Para 2022, a estimativa do mercado, segundo o último balanço do Banco Central, é de uma expansão do PIB brasileiro de 1,9%. De acordo com o Ilos, se essa previsão se confirmar, a demanda por serviços logísticos crescerá entre 3% e 4%. Essa expansão está ancorada, principalmente, no bom desempenho do agronegócio, avanço das fronteiras agrícolas e o crescimento do e-commerce.

O Aeroporto Internacional de Viracopos, em Campinas (SP)*, também registrou alta de cerca de 5% na movimentação de cargas nos primeiros sete meses do ano de 2022, em comparação ao mesmo período do ano passado. Esse aumento coloca o período como o melhor da história em volume de cargas processadas, podendo superar o recorde anual de cargas atingido em 2021. Entre janeiro e julho, Viracopos recebeu 210.163 toneladas de carga contra 200.079 toneladas do mesmo período de 2021. Comparado com 2020, período de pandemia, essa diferença é ainda mais gritante, com 131.747 toneladas movimentadas.

Neste período, se destacaram, novamente, os setores farmacêutico, metalmecânico, químico, de tecnologia, automotivo e de vestuário. Atualmente, Viracopos é o maior aeroporto em importação de carga do país, movimentando 40% de toda a carga aérea que chega ao Brasil.

Fraport Brasil

Partindo desses dados, onde se destacam o grande aumento na movimentação de carga e a demanda dos consumidores, trazemos como exemplos dois  trabalhos desenvolvidos pela Urban Systems para o setor aeroportuário e de logística.

Conforme abordado aqui no blog, a Fraport Brasil, concessionária que administra o Porto Alegre Airport e Fortaleza Airport após vencer a 4ª Rodada de Concessão dos Aeroportos Brasileiros em 2017, comunicou, em junho de 2022, o desenvolvimento do conceito de Aeroporto Cidade em Fortaleza (CE), no Fortaleza Airport, e em Porto Alegre (RS), no Porto Alegre Airport. A empresa tem como objetivo apresentar esses aeroportos como uma extensão da cidade, a fim de despertar o interesse de investidores do mercado imobiliário.

O aeroporto cidade opera na lógica de explorar os serviços aeroportuários de transporte de passageiros e cargas, gerando receitas aeroportuárias e explorando atividades comerciais dentro do próprio sítio aeroportuário.

A Urban Systems foi a empresa responsável pelos estudos de receitas acessórias imobiliária dos aeroportos de Porto Alegre e Fortaleza, partindo desde a avaliação do patrimônio, junto a própria Fraport, passando pelos estudos de vocação imobiliária e cálculo de viabilidade econômico-financeira preliminar.

Eco238

Já no setor de logística, de maneira mais ampla, se destaca o Eco238, localizado no setor industrial norte da cidade de Sete Lagoas, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, com facilidade de acesso à rodovias e aeroportos. O empreendimento está a 50 minutos de Belo Horizonte, a 45 minutos do Aeroporto Internacional de Confins, a 12 quilômetros do centro da cidade de Sete Lagoas, com oferta de serviços e comércio, além da proximidade com a ferrovia Centro Atlântica, que conta com corredor de exportação entre o Terminal de Pirapora (MG) e o Terminal de Produtos Diversos no Complexo Portuário de Tubarão, em Vitória (ES). Falando de infraestrutura, o empreendimento é completo para atender empresas de diferentes perfis.

Dos estudos iniciais até sua ocupação e comercialização atual, a equipe envolvida no projeto estabeleceu uma estratégia pautada em expectativas e riscos de mercado, junto aos estudos da Urban Systems. Após concepção e aprovação do projeto, muitas foram as parcerias e apresentações realizadas, trazendo como parceiros entidades como a Associação Comercial e Industrial (ACI) Sete Lagoas.

Conteúdo elaborado por André Cruz, Diretor de Planejamento Urbano da Urban Systems.

*Fontes:

Abcomm

Revista Oeste

Antaq

Viracopos

 

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