Desafios e conquistas do Estado e da cidade de São Paulo no planejamento de cidades inteligentes

Nesse painel, especialistas falam sobre o Ranking Connected Smart Cities, que destacou a cidade de São Paulo como a mais inteligente e conectada do País, e planejamento urbano

 A sexta edição do evento nacional Connected Smart Cities e Mobility Digital Xperience (DX) 2020, aconteceu nos últimos dias 08, 09 e 10 de setembro em ambiente totalmente digital e plataforma exclusiva, em função da pandemia da Covid-19. Foram mais de 70 painéis, todos em ambiente digital, debatendo temas relevantes para o desenvolvimento das cidades. Na abertura do evento, foi realizada a divulgação do resultado do Ranking Connected Smart Cities 2020. O estudo, elaborado pela Urban Systems, em parceria com a Necta, que destacou a cidade de São Paulo – SP, como a mais inteligente e conectada do País.

A Urban Systems, sócia do Connected Smart Cities, esteve presente em diversos painéis com temas de cidades participativas, urbanismo sustentável e cidades prósperas. No dia 10 de setembro foi realizado o painel ‘Desafios e conquistas do Estado e da cidade de São Paulo no planejamento de cidades inteligentes’. O painel contou com a participação de Thomaz Assumpção, CEO – Urban Systems, Willian Rigon, Diretor Comercial e Marketing da Urban Systems, Marco Vinholi, Secretário de Desenvolvimento Regional do Governo do Estado de São Paulo, Luiz Álvaro Salles Aguiar de Menezes, Secretário de Relações Internacionais – São Paulo e Paula Faria, CEO – Necta que também foi moderadora do debate.

Ranking

Paula Faria, CEO da Necta, iniciou o painel falando sobre o Ranking Connected Smart Cities 2020, que apontou a cidade de São Paulo (SP) como a mais inteligente e conectada do País. Além da posição da capital, Paula lembrou de outras cidades do Estado que também se destacaram no Ranking. Para falar sobre o estudo, elaborado pela Urban Systems, em parceria com a Necta, Paula contou com a participação de Willian Rigon, Diretor Comercial e Marketing da Urban Systems, no painel.

O ranking mapeia todos os 673 municípios com mais de 50 mil habitantes, com o objetivo de definir as cidades com maior potencial de desenvolvimento do Brasil. O Estado de São Paulo foi destaque no levantamento trazendo 43 das 100 cidades mais inteligentes e conectadas do País. Além da primeira colocação conquistada pela capital paulista, outras cidades destaques do Estado destaques no ranking são: Campinas ficou em 4º lugar; São Caetano do Sul, 6º lugar; Santos, em 7º; Barueri, em 13º; Jaguariúna, no 17º lugar e São José dos Campos que ficou com a 20ª colocação.

Eixos temáticos

No eixo temático Meio Ambiente que considera tratamento de esgoto, resíduos sólidos, recuperação de resíduos e água, o Estado de São Paulo traz 53 cidades entre as mais inteligentes com destaque para Santos, que ficou em 1º lugar, Fernandópolis em 3º e Lençóis Paulista em 5º lugar. “Temos um problema muito grande no Brasil em relação a esse indicador, diversas capitais com dificuldade de acesso a água e saneamento básico. A gente percebe que o planejamento urbano das cidades impacta nos indicadores de meio ambiente também. As cidades do Estado de São Paulo estão de parabéns por levar a população essa infraestrutura que é básica, porém ainda tema de discussão no Brasil”, explicou Willian Rigon.

Outro eixo temático importantíssimo avaliado pelo ranking é a Educação. Nesse tema, o Estado de São Paulo também é destaque com 51 cidades entre as mais bem avaliadas, sendo três entre as 10 primeiras colocadas: São Caetano do Sul, em 1º lugar; Jaguariúna em 4º e São Carlos em 7º. O eixo temático mapeia indicadores como educação básica e superior, evasão escolar, investimentos e oferta. “São Caetano do Sul se destaca pelo investimento em tecnologia e qualidade de ensino na educação pública fazendo com que a cidade fosse muito pouco impactada pela pandemia, uma vez que eles já possuíam a infraestrutura necessária. O Estado de São Paulo, em função de investimentos estaduais e municipais na área, traz mais da metade das cidades com melhores índices de educação no Ranking”, comentou Rigon.

Em relação à Economia, outro eixo abordado no Ranking, São Paulo traz 40 das 100 cidades mais inteligentes, com Barueri em 1º lugar, Campinas em 2º e São Paulo em 5º. Paula explicou que esse eixo considera a empregabilidade, diversidade, crescimento econômico e clusters produtivos. “O Estado é a força motriz da economia do País. Temos observado ultimamente uma interiorização do crescimento econômico, com algumas capitais se desenvolvimento menos que as cidades do interior. O Estado também se destaca pela diversidade econômica, que impulsiona o seu desenvolvimento”, comenta  Willian.

No eixo Urbanismo, o Estado de São Paulo traz 40 das 100 mais inteligentes. Os destaques são: São Paulo em 2º lugar, Santos em 3º e Indaiatuba em 5º. Segundo Paula o eixo considera indicadores referentes a leis e investimentos na área, como o Plano Diretor e a Lei de Uso de Ocupação do Solo. Já em relação ao eixo Empreendedorismo, 28 cidades das 100 mais inteligentes ficam no Estado de São Paulo. A capital paulista ficou com o 2º lugar, Campinas com o 3º e São Carlos com o 10º. Para essa avaliação são considerados indicadores referentes a economia criativa, espaços e TIC (Tecnologia da Informação e Comunicação). “O Estado é sempre destaque nessa área que acaba se interligando e melhorando outros indicadores como a economia e educação, por exemplo”, comentou Paula.

Em seguida, o painel abordou o eixo de Tecnologia e Inovação, onde o Estado de São Paulo também se destaca no ranking trazendo 36 das 100 cidades mais inteligentes, sendo a capital a 1ª colocada, Campinas a 3ª e Barueri a 7ª, considerando a infraestrutura de comunicação, qualificação e inovação. Segundo Willian Rigon, “Esse eixo está diretamente ligado aos eixos de educação, economia e empreendedorismo”.

Em relação ao eixo Saúde que considera a infraestrutura, oferta e atendimento, o Estado de São Paulo, traz 18 das 100 cidades mais inteligentes do País. Os destaques são: São Caetano do Sul em 8º, Amparo em 11º e Itapira em 16º. “Saúde se relaciona com os indicadores de Meio Ambiente, porém por alguns locais como São Paulo e Campinas serem polos nacionais de Saúde, impacta um pouco nos indicadores em função do atendimento de uma demanda muito grande, difícil de ser atendida na sua totalidade”, explicou Willian.

Passando para Governança, 30 das 100 cidades mais inteligentes ficam no Estado de São Paulo. Como indicadores para a pontuação nesse eixo, o Ranking considera participação, investimentos e transparência. A cidade de São Caetano do Sul ficou com o 2º lugar em Governança, Campinas em 5º e Santos em 8º. “Algumas cidades precisam melhorar, principalmente, no que tange a clareza nos investimentos públicos. Observamos também que cidades que investem mais em saúde e educação se destacam nesse eixo, pois estão colhendo os resultados desses investimentos”, disse Willian.

No eixo Mobilidade e Acessibilidade o Estado traz 3 das 100 cidades mais inteligentes. São elas: São Paulo em 1º lugar, Campinas em 14º e Guarulhos em 54º. Os indicadores considerados são: sustentabilidade, conexão e intermodalidade. Em relação à segurança, 32 cidades do Estado de São Paulo estão entre as 100 mais bem colocadas no ranking. Santana do Parnaíba em 5º, Ubatuba, em 6º e Amparo em 4º são os destaques do eixo que considera indicadores como efetivo e fatalidades.

Parcerias Municipais

O Secretário de Desenvolvimento Regional, Marco Vinholi, destacou, no início da sua apresentação a importância da utilização da tecnologia na área de saúde em tempos de pandemia. “Gostaria de chamar atenção para área de saúde que estabeleceu a telemedicina, até então um tema que gerava um certo tabu dentro da gestão pública, que agora no período de pandemia deixou um legado para o pós-pandemia, firmando  um norte para os gestores fazerem mais com menos com a utilização da tecnologia”, disse Vinholi.

Em seguida falou sobre a iniciativa “Cidades Inteligentes”, lançada em 2019 pela Secretaria. Segundo Vinholi, o programa pioneiro, se vale das novas tecnologias para mudar o jeito de governar e três programas estaduais funcionam como “guarda-chuva” para vários serviços e ferramentas: Parcerias Municipais, SP+Perto e SP Sem Papel, sendo este último vinculado à Secretaria de Governo. “O programa Parcerias Municipais carrega como princípio: quanto melhor cooperarmos e nos articularmos, mais efetivas serão as políticas públicas para o cidadão”, comentou.

A abordagem do programa em tratar recursos enviados aos municípios é diferente da tradicional e está pautada no trabalho conjunto entre Estado e Município, foco na utilização de evidências para o desenvolvimento de projetos, recursos orientados para resultados, governança em função de metas e planos, dessa forma é possível aumentar a qualidade de vida e reduzir as desigualdades regionais.

O programa busca revolucionar a ação de Estado e Municípios e selecionou soluções inteligentes em três principais frentes: Educação, Saúde e Segurança, com o uso de inteligência de dados nas tomadas de decisões, com respeito às peculiaridades de cada região.

Nessas três áreas foram analisados 49 indicadores e identificados 7 desafios a serem enfrentados em conjunto com os municípios do Estado. Na Educação os desafios são: ampliar o acesso a creche, universalizar o acesso a pré-escola e alavancar a qualidade de ensino do Fundamental I. Já na Saúde os desafios são: reduzir a mortalidade infantil e materna além de reduzir a mortalidade prematura por DCNT (Doenças Crônicas Não Transmissíveis). Reduzir os roubos e a violência sexual são os desafios identificados na área de Segurança.

São Paulo – Cidade Inteligente

“São Paulo recebeu com muita alegria a primeira colocação no Ranking Connected Smart Cities. É uma cidade com mais de 12 milhões de habitantes que tem cada vez mais munícipes digitais, portanto não podemos administrar a cidade de maneira analógica”, disse Luiz Álvaro Salles Aguiar de Menezes, Secretário de Relações Internacionais da Prefeitura de São Paulo, no início da sua apresentação.

“Para contemplar as dimensões da cidade buscamos interagir com um roteiro que ajude a construir o grau de inteligência do município sempre com a participação do cidadão. Então, buscamos alguns processos chave que estabeleçam transparência, participação pública e a colaboração público privada que é essencial para a administração de qualquer município”.

Menezes destaca que São Paulo é uma cidade inteligente por ser colaborativa, conectada e responsiva, integrando tecnologias digitais e dados municipais para resolver os problemas dos cidadãos. Segundo ele, os eixos que conduzem a atuação inteligente de São Paulo são: espaço urbano, proteção às pessoas e gestão inovadora. “Os projetos inteligentes da cidade de São Paulo partem do princípio de colocar as pessoas em primeiro lugar, trazendo o cidadão mais próximo da gestão pública”.

No eixo Espaço Urbano, Menezes destacou o programa Green Sampa, que tem por objetivo transformar a cidade no maior e mais importante hub de negócios ambientais e cleantechs da América do Sul, acolhendo empresas e investidores do mundo inteiro. De acordo com o Secretário, 100% dos novos equipamentos entregues pela Secretaria de Infraestrutura Urbana e Obras terão a implantação de dispositivos e medidas de sustentabilidade.

Já no eixo Proteção às pessoas, o destaque fica por conta da acessibilidade e respeito à diversidade. “Temos ações para a ampliação da acessibilidade e respeito à diversidade por meio do fornecimento de tecnologia assistiva, com uma atuação muito forte da Secretaria da Pessoa com Deficiência junto da Secretaria de Inovação e Tecnologia”. Ainda no eixo Proteção às Pessoas, Menezes citou o Fab Lab Livre SP, que é a maior rede de laboratórios públicos de fabricação digital do mundo. Os Fab Labs são espaços totalmente gratuitos onde o cidadão possui acesso livre, por meio de tecnologia de ponta, para desenvolver ideias e projetos. “São 12 laboratórios em todas as regiões, com equipe formada por 90% de mulheres, 35% negros e 15% LGBTQIA+”, explicou.

A iniciativa São Paulo Aberta, que visa articular, integrar e fomentar ações de governo aberto na Prefeitura Municipal de São Paulo, é o destaque no eixo Gestão Inovadora. O plano de ação Governo Aberto, fortalece os compromissos da cidade no que se refere à transparência, prestação de contas, responsabilização, participação cidadã, tecnologia e inovação.

Menezes também falou sobre a pandemia causada pela Covid-19 e as soluções inteligentes tomadas pelo município. Como exemplos, ele citou um projeto de mudança comportamental desenvolvido pelo (011).lab – Laboratório de inovação em governo  – espaço dentro da Prefeitura para pensar, criar e experimentar inovação no setor público – que visa a propagação de boas práticas para a população na prevenção do novo coronavírus. O Secretário citou também o Portal da Transparência São Paulo que dá acesso livre aos principais dados, legislação e materiais a respeito das medidas adotadas pelo município durante a pandemia.

Processos acelerados

“Fico muito feliz vendo o avanço que o conceito de cidades inteligentes e conectadas adquiriu nesses seis anos de realização do evento. Em cinco meses de pandemia tivemos uma aceleração no processo de tecnologia e uma adequação para a realidade que vivemos agora e após a pandemia, que teremos uma série de novidades atuais que vieram para ficar”, comentou Thomaz Assumpção.

Assumpção lembrou que o Ranking, embora seja baseado em diversos indicadores internacionais, está cada vez mais adequando à realidade brasileira, muito em função da capacidade que a cidade tem de absorver a tecnologia. Para ele, a tecnologia deve estar a serviço da população e não o contrário. “Atualmente vivemos algumas dificuldades, inclusive para a realização desse evento, 100% digital, que foi um aprendizado enorme. Quando avaliamos a cidades por meio do Ranking o objetivo é dar parâmetro à situação atual da cidade, mostrar boas práticas em cidades semelhantes e proporcionar uma visão de onde a cidade quer chegar, seus objetivos”.

“Quando falamos sobre indicadores estruturais como Educação, Saúde e Mobilidade Urbana por exemplo, começamos a observar como as cidades se movimentaram e se reorganizaram nesse momento de pandemia. Tivemos um processo de interiorização durante o confinamento, quando as pessoas saíram das grandes cidades e a descentralização da tecnologia e do escritório. Hoje a lógica do trabalho poder ser na nossa casa vai reduzir o transporte pendular, proporcionar uma releitura nos modais de transporte. A cidade já é uma cidade policêntrica, com várias centralidades, e cada vez essas centralidades demandarão serviços complementares à moradia proporcionando uma melhor qualidade de vida para os moradores de São Paulo”, completou.

O painel aconteceu ao vivo e contou com apresentações e debates entre os participantes, clique aqui para acessar o painel.

Conteúdo elaborado pela Redação Urban Systems

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