Home Office transforma segunda moradia em primeira durante a pandemia

O isolamento social imposto pela pandemia do coronavírus (COVID-19) trouxe muito impacto e mudanças na vida das pessoas, principalmente na maneira de morar e trabalhar. A maioria das empresas implantou o home office o que fez com que as pessoas passassem muito mais tempo em casa, mudando as necessidades de moradia, que se transformou também, em local de trabalho. Após os primeiros meses de crise e incertezas, essa mudança começa a trazer impactos positivos para o mercado imobiliário.

Estudo divulgado pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC)*, em janeiro de 2021, aponta que, de janeiro a novembro de 2020, o setor da construção civil foi responsável pela geração de 157.881 novos postos de trabalho com carteira assinada, conforme os dados do novo Caged, divulgados pela Secretaria Especial de Previdência e Trabalho, do Ministério da Economia. Isso significa que, em média, a Construção Civil criou mais de 14 mil novos postos de trabalho por mês, se tornando o setor com a maior geração de vagas formais no País nos primeiros onze meses de 2020.

O ano 2021 traz expectativas positivas para o setor: a continuidade do ciclo de baixa taxa de juros; o incremento no financiamento imobiliário; o aumento nas vendas em 2020, o baixo volume de imóveis disponíveis para comercialização, que incentiva novos lançamentos, as concessões e o marco legal do saneamento são algumas delas.

Novos hábitos

A casa tornou-se o local de trabalho, de descanso, de lazer, das refeições, do estudo e do convívio intenso com a família. Com mais tempo em casa, as pessoas passaram a repensar e mudar seus conceitos em relação à comodidade o que, consequentemente, modifica as suas preferências enquanto consumidores de imóveis. Atualmente, as pessoas têm procurando imóveis maiores, com mais quartos varanda gourmet ou churrasqueira e outros itens de lazer. A procura por casas (no lugar de apartamentos) também aumentou, segundo levantamento da imobiliária digital Quinto Andar*, uma das maiores do seguimento no País.

Outro movimento muito importante é a migração das metrópoles para cidades menores, mais tranquilas e afastadas tanto no campo, litoral ou montanha. Essa tendência de saída das grandes cidades é, certamente, uma consequência das medidas de isolamento social que intensificaram o trabalho e estudo a distância. É também uma tendência global. Nos Estados Unidos, uma pesquisa do Pew Research Center publicada em julho de 2020 constatou que 22% dos entrevistados se mudou ou é próximo de alguém que se transferiu de moradia na pandemia. Desse total, 3% afirmam que a mudança é definitiva.

Casas de campo ou de praia eram imóveis destinados basicamente ao lazer e ao tempo livre, nos fins de semana ou nas férias – ou eram consideradas refúgio para idosos e aposentados. A Covid-19 e o boom do uso da tecnologia em quarentenas e lockdowns ao redor do mundo mudaram essa realidade. Milhões de profissionais perceberam que podem trabalhar tão bem ou melhor em suas casas do que nos escritórios – além de contarem com mais segurança e produtividade.

Para aquelas pessoas que já possuíam uma segunda moradia, essa mudança se tornou mais fácil. Porém, a necessidade do isolamento aliada à busca por melhor qualidade de vida, levou as pessoas a investirem em novos imóveis longe das cidades ou trocar sua moradia na cidade por outra opção. Prova disso é que, de acordo com dados do Sindicato da Habitação (Secovi-SP)* mesmo com a retração da economia, logo no segundo semestre de 2020, o setor imobiliário já apresentava recuperação surpreendente, tanto para imóveis de aluguel, compras de casas usadas e novas, principalmente no interior e litoral. Se num primeiro momento a busca se concentrou na locação de imóveis durante a quarentena, agora o interesse é se mudar em definitivo para outras regiões.

Reinvenção do Airbnb

Entre os casos interessantes envolvendo o setor imobiliário vale a pena citar a recuperação do Airbnb. O grande impacto da pandemia na indústria turística colocou a start-up Airbnb, considerada uma das empresas de tecnologia mais valiosas dos Estados Unidos, em uma crise sem precedentes. Em junho de 2020, o diretor e fundador da empresa, Brian Chesky, disse em uma entrevista para a rede americana CNBC* que “Demoramos 12 anos para construir o negócio do Airbnb e perdemos quase tudo em questão de quatro a seis semanas”.

De acordo com Chesky, o coronavírus fez com que a start-up tivesse que reduzir drasticamente seus custos, o que levou à demissão de 1,9 mil pessoas — ou 25% de seus empregados — e eliminação de gastos com marketing, entre outros. O corte de pessoal — que a imprensa americana classificou como um dos maiores feitos no Vale do Silício (apelido dado à região perto de San Francisco onde ficam várias das maiores empresas de tecnologia do mundo) durante a covid-19 — permitirá que a empresa possa aguentar uma nova fase da crise segundo o executivo.

E a recuperação veio da reinvenção, em dezembro de 2020 as ações do Airbnb estrearam na Nasdaq em forte alta de 112,81%* no dia 10, fechando seu primeiro pregão cotadas a US$ 144,71. O Airbnb precificou sua oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) a US$ 68 por ativo, acima da faixa de preço indicativa, levantando cerca de US$ 3,5 bilhões e sendo o maior de uma empresa que opera nos EUA em 2020. A companhia planejava vender cerca de 51 milhões de ações entre US$ 56 a US$ 60 por ação, faixa que já havia sido elevada de plano anterior de US$ 44 a US$ 50 por ação.

O IPO avaliou a empresa de aluguel de residências por aplicativo em US$ 47,3 bilhões. O Airbnb foi avaliado em US$ 18 bilhões em abril, após vender títulos de dívida para reforçar o caixa. Para esse resultado, a empresa, se beneficiou de um maior número de clientes em busca de aluguéis domésticos de longo prazo. A receita da companhia também mostrou recuperação conforme as restrições às viagens diminuíram e com mais viajantes reservando casas do que hotéis. No terceiro trimestre, a receita do Airbnb se recuperou de uma queda e foi a US$ 1,34 bilhão, enquanto o lucro foi de US$ 219,3 milhões no mesmo período.

Estudos de Mercado para Segunda Residência

Com 21 anos de experiência de mercado, a Urban Systems atua no entendimento e mapeamento de oportunidades para o desenvolvimento de empreendimentos de primeira e segunda moradia.

Atuamos no estudo e avaliação de potencial para projetos residenciais, de Multipropriedade e timeshare, com visão de negócio, ou seja, dimensionando demanda e risco de cada projeto.

Está estudando projetos de primeira ou segunda moradia? Venha falar com a gente, e deixe-nos transformar nosso conhecimento, em resultados para você.

Paulo Takito, sócio diretor da Urban Systems

*Fontes

Câmara Brasileira da Indústria da Construção

Pew Research

Quinto Andar

CNBC

Infomoney

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4 Comments

  • Hans A Schaeffer
    23/02/2021

    Na mosca
    Estou morando e trabalhando em minha casa no Litoral há 6 meses e como consultor sênior foi uma aceleracao para unir o útil ao agradável, podendo usar paisagens de mar e montanha de pano de fundo em vez das terríveis estantes biblioteca.

    • Paulo Takito
      26/02/2021

      Hans este seu exemplo em unir trabalho e qualidade de vida tem acontecido muito em todo o mundo, muita gente fugindo das grandes cidades que sempre concentraram as oportunidades de emprego e por isto aglutinavam pessoas disputando espaços no transito, para morar e realizar atividades de educação, cuidados com saúde etc.
      Nem todos poderão viver permanentemente em home office e distantes das cidades, mas certamente a relação de tempo entre a moradia na praia, no campo, na montanha versus a permanência nos grandes centros urbanos sofrerá uma forte mudança.

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