Um primeiro olhar sobre a ISO 37122 – Sustainable cities and communities – indicators for smart cities

A Organização Internacional de Normalização (ISO) publicou, em maio de 2019, nova norma internacional que estabelece definições e metodologias para um conjunto de indicadores a fim de medir o progresso em direção a uma cidade inteligente. A esperada publicação da ISO 37122 – Sustainable cities and communities – indicators for smart cities (Indicadores para serviços municipais e qualidade de vida nas comunidades) – é composta por 80 indicadores, agrupados em 18 eixos: Economia, Educação, Energia, Meio ambiente e Mudanças Climáticas, Finanças, Governança, Saúde, Habitação, População e condições sociais, Recreação, Segurança, Resíduos sólidos, Esporte e Cultura, Telecomunicação, Transportes, Agricultura urbana/local e segurança alimentar, Planejamento urbano, Águas residuais e Água.

Atenta a todos os assuntos que impactam o desenvolvimento imobiliário e urbano, a Urban Systems está envolvida no planejamento de cidades inteligentes no Brasil há quase uma década. A publicação da ISO 37122 trouxe novos conteúdos para as discussões do tema na Urban Systems, uma vez que partindo da análise do desempenho dos indicadores, é possível tecer comparações e buscar soluções inovadoras para os desafios enfrentados pelas cidades.

Destaques da norma técnica

Como tudo aquilo que é aguardado com ansiedade, a expectativa sobre o conteúdo final desta norma técnica era alta. Apesar de existirem alguns estudos internacionais e nacionais (saiba mais sobre o Ranking Connected Smart Cities), o próprio conceito de cidade inteligente ainda é bastante discutido, ora estando a tecnologia como foco principal, ora estando o bem-estar social e a qualidade da população como protagonistas desse desenvolvimento.

Apesar de apoiada em 18 eixos de análise, ou setores, como denomina, dois deles recebem destaque pela maior quantidade de indicadores definidos: Energia, com 10 indicadores, e Transporte, com 14 indicadores.

Em energia os indicadores referem-se em sua maioria a geração de energias renováveis e sustentáveis, como a reutilização de águas residuais, por exemplo, até questões técnicas e tecnológicas de armazenamento e gerenciamento dos sistemas de energia e iluminação pública.

Já em transporte, podemos ver uma predominância de indicadores atrelados a tecnologia e aos novos modais de transporte, dentre eles: número de bicicletas disponíveis por meio de serviços de compartilhamento, vagas de estacionamento público com sistema de pagamento eletrônico e vagas com sistema eletrônico de disponibilidade, porcentagem de semáforos inteligentes e percentagem de veículos autônomos na cidade.

Outro destaque, é a responsabilidade do poder público em prover parte das informações que poderão ser objeto de comparação entre as cidades, considerando questões como as tecnologias disponíveis em edifícios públicos, suas infraestruturas ou acessibilidade, além de um protagonismo quanto a gestão da disponibilidade de serviços públicos e privados, com o controle e conhecimento do percentual da população usuária de diversos serviços, sejam bibliotecas públicas a serviços de compartilhamento de caronas.

O que muda agora no planejamento de cidades?

Ao aprofundarmos a investigação sobre os indicadores da norma técnica algumas questões merecem destaque. Primeiramente, a indisponibilidade de dados públicos referentes a uma boa parcela dessas informações para extrair os indicadores. Quantas são as cidades brasileiras que sabem ou monitoram a quantidade de registros culturais digitalizados? Ou possuem computado o número de livros ou títulos eletrônicos de bibliotecas públicas e a porcentagem da população que é usuária desses espaços?

Outro ponto de destaque é o estágio de desenvolvimento tecnológico das cidades brasileiras, ante às novas tecnologias de energia, transporte, saneamento e resíduos sólidos, por exemplo. Carros autônomos, vias preparadas para carros autônomos, monitoramento eletrônico em tempo real da rede de abastecimento de água, lixeiras públicas com sensores, veículos de baixa emissão são tecnologias ainda muito pouco disponíveis nas cidades brasileiras, uma vez que, por exemplo, temos perda média na distribuição de água de 38% no Brasil (Trata Brasil, 2018)*.

Envolvimento de atores

A ISO 37122, apesar de um pouco distante da realidade atual das cidades brasileiras, nos apresenta o nível de desenvolvimento das discussões de cidades inteligentes fora do País. Ela é importantíssima para mostrar aos nossos gestores e demais atores envolvidos no planejamento e gestão das cidades brasileiras que a elaboração de um planejamento estratégico de longo prazo é fundamental, buscando solucionar os GAPs existentes de infraestrutura e serviços públicos das cidades brasileiras, sem tirar do foco os desenvolvimentos tecnológicos que as cidades brasileiras necessitam.

Não há fórmula mágica para alcançar níveis internacionais de desenvolvimento inteligente. É necessário planejar, de forma colaborativa, os objetivos das cidades, envolvendo todos os atores: poder público em todas as suas esferas, empresas privadas, academia, estudantes e a população na busca de uma estratégia que rompa o ciclo político e vislumbre um desenvolvimento econômico e social da cidade em busca de uma cidade inteligente, sustentável e humana.

As cidades brasileiras estão distantes dos índices das cidades inteligentes internacionais? Sim, umas mais, outras menos. Mas podemos observar, nos últimos cinco anos, um maior envolvimento para mudar essa situação. Que cada vez mais as cidades brasileiras possam subir um degrau em seu desenvolvimento inteligente.

Conte com a Urban Systems para o planejamento do desenvolvimento sustentável da sua cidade! Conheça nossas soluções aqui.

Willian Rigon, Diretor Comercial e Marketing na Urban Systems e Pesquisador Responsável pelo Ranking Connected Smart Cities. 

* https://bit.ly/2MhusCY

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